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Restaurante Irmã Zoé

A crise é ainda uma sombra que desponta

Falamos em crise econômica nesse ano de 2015, mais ainda não estamos no ápice da crise, ou seja, em seu real epicentro. Estamos vivendo a sombra da crise. A realidade da crise brasileira ainda vai chegar com força impactante a partir do fim do ano. As vendas de natal serão afetadas. Empresas terão dificuldades para pagar 13º salários. Prefeituras estarão com enormes dificuldades para pagar 13º salários e, principalmente, o desemprego ainda vai se alastrar de tal forma que voltaremos aos tempos antigos de filas e mais filas de desempregados em todas as cidades brasileiras. Não é a pregação do caos. Estamos apenas enxergando o futuro da forma em que ele foi planejado no passado.

Não se trata mais de perguntar se a crise econômica irá acontecer ou não em 2015, a sombra dela já nos cobre. Trata-se agora de saber quando ela terá seu ápice e  qual será sua verdadeira dimensão. A questão agora é saber qual será o tamanho da crise econômica de 2015 e de que forma ela irá impactar os diversos setores da economia bem como as finanças das pessoas. Qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento de economia e finanças vê os sinais da crise por todos os lados. Não precisa ler revistas e relatórios de consultorias especializadas, nem jornais, basta fazer suas compras mensais em qualquer supermercado.

A volta da inflação tem tirado o sono dos mais velhos e despertado os mais novos para essa grande novidade. Essa geração não sabia o que era inflação a não ser nos livros e nas faculdades. Um dos principais impactos da crise econômica de 2015 sobre a vida das pessoas tem sido a retomada da inflação em um ritmo acelerado. A inflação já está aí há muito tempo e vem sendo tratada com irresponsabilidade e maquiada através de artifícios contábeis do governo federal.

Após as eleições, todas as mentiras pregadas em campanha vieram à tona.  A inflação era e é realidade. As contas do governo federal estavam e permanecem absolutamente sem controle e o governo vem gastando mais do que arrecadava. As tarifas e preços tomaram proporções avassaladoras, seja energia, água, gasolina, diesel, telefonia e, principalmente o preço da comida que é a principal preocupação das famílias. O resultado disso será um gigantesco salto na inflação com todas as consequências possíveis e maléficas no bolso do trabalhador. A inflação causa perda real no poder aquisitivo dos salários e enormes problemas na produção nacional.

A política cambial praticada pelo governo federal nos últimos anos veio mantendo o dólar em um nível ilusório através da injeção diária de volumes gigantescos de recursos que compõem nossas reservas internacionais e manobras contábeis nas contas públicas, irresponsavelmente chamadas de “contabilidade criativa”. O resultado do dólar barato mantido com reservas do Brasil foi o incentivo à importação, que destruiu aos poucos a indústria nacional, e prejudicou as exportações estagnando assim a economia. E o rombo na economia é visível até para os leigos.

Com a economia em frangalhos, o risco de inadimplência está crescendo. Por isso, digo sempre que ainda estamos vivendo a sombra da crise. Com o aumento do desemprego e a ausência de crédito no mercado as coisas ainda vão piorar muito. Ainda não é o fundo do poço. O resultado será um cenário muito mais difícil para se obter financiamento em qualquer instituição financeira seja pública ou privada.

Para os municípios a crise ainda tende a aumentar porque além da diminuição do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) o que obrigará muitas prefeituras a ficar sem fazer os investimentos em obras necessárias, o governo federal está fazendo cortes financeiros em todas as áreas, principalmente nas áreas da educação e saúde. O reflexo nas contas das prefeituras já é visível e terão ainda impactos maiores no futuro próximo.

Calma e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Por isso é bom que os gestores/prefeitos tenham prudência na coordenação de despesas e receitas e, principalmente, falem abertamente e de forma clara com a população. A crise é do conhecimento de todos, porém, as pessoas gostam e têm o direito de conhecer o tamanho da crise que está atingindo sua cidade e sua região. Prefeitos que ficarem calados em seus gabinetes achando que a crise vai passar quebrarão a cara. É preciso sair em campo, conversar com a sociedade civil organizada, buscar diálogo com os presidentes de associações, igrejas, e colocarem em campo a equipe de governo para conversar com a população.

Em tempos de crise o diálogo não é só a melhor, mas é a única saída, ferramenta essencial para que todos tenham conhecimento do que se passa.

João 1

Dr. Joao Domingos é advogado pós-graduado em Direito Administrativo, Direito Ambiental, Docência do Ensino Superior, vereador em Ladainha e diretor executivo de futebol do Santo Antônio Esporte Clube

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