É lamentável as formas como alguns veículos de comunicação brasileiros tratam a desordem, o errado e a violência, principalmente contra os agentes de segurança pública. A distorção do fato real causa, muitas vezes, a repulsa nas pessoas de bem ou até mesmo vitimizam pessoas que transgridem as leis, tornando-as em mártir.
Exemplifico essa indignação. No último dia 08 de março, policiais militares foram acionados pelo Diretor da Escola Imperatriz Leopoldina, localizada na Rua Togo nº 571, bairro Vila Maria Alta, zona norte da capital de São Paulo, onde “alunos”, traficavam e utilizam drogas no interior do estabelecimento de ensino.
Durante a ação policial, os “alunos”, homens e mulheres mais de 18 anos, ainda cursando o ensino médio, desobedeceram as ordens dos policiais e reagiram a prisão com chutes, socos e pontapés, tendo sido necessário para o restabelecimento da ordem o uso de força moderada para retirar os infratores do interior do estabelecimento público de ensino os infratores.
As imagens veiculadas pela imprensa, apesar de serem claras e provarem a necessidade da ação policial, ganharam um tom muito preocupante na narrativa dos apresentadores de programas televisivos de grande audiência como: Cidade Alerta e Jornal Nacional.
No programa Cidade Alerta, o apresentador Luiz Bacci, na chamada da matéria disse: “Policiais Militares invadiram a escola!!!” e “estudantes estavam usando entorpecentes, mas não precisava disso!”.
Em primeiro lugar, importante esclarecer ao jornalista e a sociedade que os policiais não invadiram. Os policiais foram chamados pelo administrador público para restabelecer a quebra da normalidade, porque para pessoas de boa índole, usar e oferecer drogas em estabelecimento de ensino para crianças e adolescentes que estão ali para estudar é inaceitável.
O uso e tráfico de drogas são crimes e o policial ao tomar conhecimento de um crime deve agir É o chamado ato vinculado, sob pena de responder por prevaricação. Outros crimes que surgiram durante a ação policial foram a desobediência, desacato e resistência.
Então, antes de pregar o sensacionalismo para ganhar audiência, é preciso apurar corretamente as informações. Sob o risco de colocar a população contra os agentes de segurança pública, que dentre outras dificuldades, já estão com uma carga de trabalho saturada. Importante ressaltar também que não se consegue prender traficantes ou usuários de drogas com flores. E preciso uma atuação enérgica.
E vamos ser francos, será que o jornalista teria a mesma reação se o seu filho ou qualquer outro familiar estudasse naquela escola, correndo o risco de ser abordado por usuários e traficantes de entorpecentes nos corredores e banheiros do estabelecimento de ensino público? Acredito que certamente seu discurso seria diferente.
Já o apresentador Willian Bonner, do Jornal Nacional, da Rede Globo, inicia a chamada do vídeo com a seguinte frase: “Ações violentas flagradas por câmeras causaram indignação nos cidadãos”.
Cabe aqui algumas questões: Em qual cidadão causou indignação? No cidadão de bem que mandou seus filhos para escola para estudar? Ou no cidadão, que deixa seus filhos maiores de idade usando e oferecendo drogas no ambiente destinado ao ensino a crianças e adolescentes? Como foi apurada a reportagem? Quem vocês estão de fato representando?
A responsabilidade jornalística também faz parte da nossa segurança pública. A instalação do caos pelos veículos de comunicação em troca de audiência pode significar um verdadeiro “tiro no pé” da sociedade.
Ao contrário do narrado pelos “ilustres” jornalistas, numa outra ótica, as imagens mostram policiais valorosos, que não se esquivaram de suas obrigações e foram cumprir sua árdua missão de servir e proteger a sociedade, por quem um dia juraram dar a própria vida.
E, apesar de terem sido desacatados, agredidos com chutes, pontapés e palavras, agiram com o mais alto grau de profissionalismo, tendo inclusive depois de imobilizar um dos indivíduos, verificado seus sinais vitais, demonstrando compromisso com os fundamentos e princípios de direitos humanos. Não efetuaram um só disparo de arma de fogo, não utilizaram “spray” de pimenta, não utilizaram bastão tonfa, ou qualquer outro meio não letal que dispunham e que poderiam ter utilizado.
Os policiais agredidos suportaram lesões no rosto e ombros, escoriações nos braços e corte no supercílio, necessitando até de sutura. Agressões provocadas pelos “estudantes”.
Os “alunos” foram levados para a delegacia e prestaram depoimento. Uma estudante, disse no depoimento que “xingou os policiais de ‘lixo’ e que muitos alunos também os xingavam. Inclusive, alguns deles queriam ir para cima dos policiais”.
Parabéns aos policiais que agiram dentro de suas funções e auxiliaram os verdadeiros estudantes a terem um ambiente melhor. E esse caso deixa uma mensagem clara: não cabem dois pesos e duas medidas na apuração de fatos reais, veiculados em jornais televisivos. Tem que se apurar toda a história, ouvir os dois lados. E não apenas narrar e interpretar imagens, sob o risco de vitimizar bandidos e condenar policias e cidadãos de bem.
Elizeu Martins Feliciano é vice-presidente da Associação de Defesa dos Agentes de Segurança Pública