Quando se fala em mártir, parece estar se referindo a um passado distante no tempo. Tanto é verdade que a própria palavra grega “mártir” significa testemunha, mas tomou uma conotação de morrer por uma causa, no caso, morrer por defender o cristianismo, ou o próprio Jesus Cristo. Porém, vemos que cada vez mais o sangue dos mártires cristãos se espalha pelo mundo.
A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) define a situação de algumas regiões como “a longa mancha de sangue atravessa o planeta”. O último informe da AIS destaca que houve um agravamento da situação com relação ao ano passado, como por exemplo, no Iraque, por causa do avanço do ISIS, somente em Agosto de 2014, 120 mil cristãos foram obrigados a fugir.
Na África, está crescendo a pressão dos grupos fundamentalistas islâmicos, como o Boko Haram, e na Ásia aumentou a violência contra cristãos por grupos fundamentalistas hindus na Índia, e budistas no Sri Lanka. No Paquistão, os cristãos sofrem muitos ataques por causa da lei “anti-blasfêmia”.
A perseguição anticristã também é promovido pelos Estados, como a Coréia do Norte, China e Eritreia, onde mais de 3 mil pessoas, a maioria cristãos, são mantidos em campos de concentração por razões religiosas.
A Igreja realiza grandes esforços para aliviar o sofrimento dos cristãos que sofrem em todo o mundo. Uma organização que faz isso é a Ordem Equestre do Santo Sepulcro, que, por meio de várias iniciativas, socorre as populações migrantes. Na Jordânia, a Ordem contribui para a reabilitação nas escolas de crianças refugiadas provenientes do Iraque.
No Iraque, a situação está tão ruim que o Patriarca de Babilônia dos Caldeus, Louis Raphael I Sako manifestou sua ansiedade e angústia para com os refugiados cristãos que perderam suas casas e seus empregos e, apesar da contribuição de instituições como a Conferência Episcopal Italiana (CEI), a Caritas e AIS, pediu ajuda concreta da comunidade internacional que deveria se comprometer para expulsar o ISIS e permitir que os refugiados iraquianos voltem para casa.
O Patriarca solicitou aos Estados Unidos que faça algo, já que tem poderio para destruir o ISIS em uma semana, não apenas com bombas, mas através de uma operação terrestre e sob um mandato da ONU. Ainda manifestou sua crença na Rússia, comprometida neste momento para lutar contra os terroristas islâmicos na vizinha Síria, talvez consigam encontrar algum equilíbrio no Iraque.
Um país que foi esquecido é a Nigéria, segundo o Monsenhor Matthew Man-Oso Ndagoso, arcebispo de Kaduna. Ele denunciou que na Nigéria está acontecendo uma perseguição sistemática, por causa da presença do Boko Haram, e diariamente acontecem assassinatos e os direitos básicos são negados à população, incluindo água potável. E, o pior, essa facção deve ter ajuda internacional para conseguir tantas armas.
Seja como for, já conseguiram o apoio do Papa Francisco. Sua Santidade ora para que, não só para erradicar a perseguição e a discriminação religiosa, mas para buscar métodos mais eficazes a fim de promover a cooperação internacional para derrotar estes crimes contra a dignidade humana e a liberdade religiosa. E espera que os homens e mulheres de fé ofereçam assistência espiritual e material.
Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano