A grande questão que ronda partidos e lideranças políticas para campanha eleitoral do próximo ano é: qual o grau de renovação das eleições de 2018. A pergunta parte do pressuposto inicial: existe um notável sentimento antipolítico na sociedade. A partir dessa constatação, seria mais do que natural uma grande renovação do sistema político.
Entretanto, existem elementos dificultadores para que o novo prevaleça em 2018. O primeiro fator é a capacidade de disseminação do novo. As regras atuais do jogo político estabelecem dispositivos para distribuição do fundo partidário e para uso da TV/Rádio. Ambas são fundamentais em qualquer estratégia de marketing político, e na forma da atual legislação, criam uma situação de privilégio para as estruturas partidárias tradicionais. Numa competição em que haverá escassez de recursos – pela ausência de financiamento empresarial e pela debilidade das doações individuais – o maior financiador da campanha será o fundo partidário ou o capital próprio do candidato, no caso de eleições proporcionais.
Apenas no primeiro trimestre deste ano o PT recebeu mais de R$ 23 milhões do fundo. Já legendas como o Partido Novo, que não tem nenhum deputado federal, recebeu pouco mais de R$ 300 mil. Ou seja, o sistema privilegia quem está no poder. Outro fator crítico é a máquina pública. Somente o PMDB tem mais de mil prefeitos eleitos no Brasil. O PSDB tem pouco mais de 700. Entre os novos partidos, somente o PSD tem desempenho importante: 539 prefeituras.
A menos de um ano das eleições de 2018, o sentimento antipolítico não se organizou para se expressar de forma competitiva. As especulações estão a todo vapor, fala-se de Joaquim Barbosa, Luciano Huck e até mesmo de Sergio Moro. Entretanto, uma questão paira no ar: como torná-los competitivos?
O caminho está na junção de três elementos, que podem fazer a diferença em 2018: participação-mobilização-redes sociais. O grande desafio dos críticos do sistema político é transformar sua crítica em participação e a participação em mobilização.
Existem duas saídas para os novos entrantes: aliar-se às estruturas tradicionais ou buscar caminhos completamente inovadores. A fórmula novo-antigo foi testada com sucesso em São Paulo com João Doria. Com um discurso ‘novo’, uma campanha com características inovadoras e uma estrutura partidária tradicional, venceu com certa facilidade.
Considerando que as redes sociais podem assumir papel preponderante na formação da opinião política, pela primeira vez na história do brasil poderemos ter eleições nas quais as estruturas tradicionais podem não ser decisivas para o resultado final. Em especial se um novo entrante chegar ao segundo turno, em que o tempo de televisão destinado à propaganda eleitoral gratuita é igual para os dois concorrentes.
A conjunção de fragilidade financeira das campanhas – sem as doações empresariais – com desmoralização do mundo político e a emergência das redes sociais pode proporcionar uma surpresa eleitoral que ainda não tem cara nem nome. No entanto, justamente por não ter nome é que o tradicional pode prevalecer. Outro fator importante é que a indignação com a política pode não se traduzir em participação e mobilização. O tempo está passando.
Prof. Darlan Campos é onsultor em Marketing Político e diretor executivo da República MP
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