O agroturismo surgiu na Europa, na década de 60, aonde as pessoas iam para a região rural e hospedavam-se nas propriedades e estabeleciam um relacionamento diferente dos habituais nos centros urbanos. No agroturismo, o relacionamento do turista é direto com o sitiante, sem intermediários, olho no olho, que acaba se tornando um amigo da família que o recebe.
O agroturismo é, portanto, um conjunto de equipamentos e serviços turísticos, atrações e acessos colocados no meio rural à disposição daqueles que chegam para visitar a região, atendendo expectativas e desejos de conhecer lugares ligados ao meio.
Esse tipo de turismo é um complemento da atividade rural. O sitiante mantém as tradições do trabalho do campo e torna-se a atração do negócio, constituindo-se a base do que o visitante irá ver e sentir na sua estadia na área rural. A tranquilidade, segurança e vida em família é o grande mote de valorização desse tipo de serviço, tornando-se um conceito de serviço de qualidade aos que saem das cidades para desfrutar paz e tranquilidade em ambiente familiar.
Nas propriedades que se dispõem a trabalhar esse tipo de serviço é preciso cuidado especial com a fauna, flora, clima, geografia do terreno e recursos hídricos, devendo implantar alternativas de entretenimento e lazer, opções de fornecimento de produtos para a manutenção do negócio como: hortas e pomares, embelezamento por meio de paisagismo, opções que, além da atividade em si, valorizem o ambiente, favorecendo, sensivelmente, a atração de demanda.
Em cada região a organização social do homem junto ao ambiente fará a diferença, seja de forma natural ou artificial, por meio da arquitetura, gastronomia, folclore, artesanato, religião, crenças, usos e costumes. A identificação desses aspectos na propriedade rural indicará ao turista para onde ir e enriquecerá a região e as suas respectivas propriedades.
A atividade de agroindústria é uma das grandes alternativas de agregação de valor ao produto rural, com o beneficiamento do produto in natura. Com a implantação do turismo nos pequenos sítios, a comercialização do produto deve ser feita dentro da própria propriedade, eliminando o custo de distribuição e diversificando a beleza estética do empreendimento. Derivados do leite, embutidos, compotas, doces, verduras em conserva, licores/vinhos, biscoitos, roscas, massas, café, entre outros, artesanais ou não, que facilitam a lida no campo e são de interesse das pessoas da cidade, são produtos que se tornam atrativos postos à disposição do visitante que busca no turismo rural, o descanso, e vontade de ver coisas novas fora do seu eixo urbano.
Nossa região é carente de serviços de qualidade para o turismo e carente de vagas de empregos para uma enorme massa de desempregados nos três Vales.A indústria não chegou aos nossos vales e a ausência de vagas de trabalho traz consigo as mazelas da fome,do incentivo às drogas e do êxodo para os filhos de pequenos sitiantes sem alternativas de trabalho.
Temos na nossa região água em abundância, terras lindas de se ver e locais extremamente interessantes para apresentar para o mundo, porém, nossos políticos insistem em deixar passar de lado a grande oportunidade de investir no turismo rural. O agroturismo é uma das alternativas para os nossos Vales. Essa modalidade de turismo visa um contato mais direto e genuíno com a natureza.
Somos carentes de quase tudo aqui em nossos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e São Mateus. Mas o que mais incomoda toda a população é a ausência de empregos. Teófilo Otoni é uma cidade polo em educação, com um número razoável de faculdades, porém, está há anos luz no investimento de turismo rural.Teófilo Otoni não tem se preocupado com essa modalidade de turismo. Ladainha também é outra cidade de extraordinária beleza geográfica que não recebe nenhum investimento na área do turismo. Os dirigentes políticos parecem que dormem quando o assunto é turismo rural. Visitei Venda Nova do Imigrante no Espírito Santo e vi o exemplo de região que vive do agroturismo. Pequenas propriedades lindas com uma gama de serviços e atrativos de dar inveja a europeus. Em Venda Nova do Imigrante o poder público investe e por isso o resultado dessa parceria vem dando tanto resultado positivo.
A produtividade rural poderia ser estimulada pelo poder público aqui nos três Vales,Mucuri, Jequitinhonha e São Mateus, a tal ponto, que cada município da região se especializaria em produzir determinado produto. Temos água em abundância, uma reserva linda de mata atlântica, resquícios de uma estrada de ferro, inúmeras pequenas propriedades rurais, e, no entanto, a coisa não é pensada comercial e coletivamente. Que pena, prefeitos dos três Vales!
Dr. João Domingos é advogado, escritor, pós-graduado em Direito Administrativo, Direito Ambiental, Docência do Ensino Superior, vereador no 3º mandato em Ladainha pelo PSB, diretor executivo de Futebol do Santo Antônio de Teófilo Otoni
