“Only God can judge me”. Li outro dia este dizer num para-choque de caminhão. Isto vai nos fazer pensar que o caminhoneiro conhece um pouco da língua inglesa e concorda que Só Deus pode julgá-lo. E este caminhoneiro carrega uma frase em seu duro para-choque de caminhão que nos faz pensar até que ponto, realmente, apenas Deus pode nos julgar. Será que, em nossa mísera condição humana, podemos fazer tudo o que quisermos e não sermos punidos aqui na Terra? Será que a ideia de um Deus segurando um fichário ou sentadinho num computador computando os nossos pecados faz parte do nosso inconsciente coletivo?
Se isto te deixou na dúvida, leitor; seja bem-vindo ao clube. Imagino que não se chegará nunca a uma conclusão verdadeiramente absoluta a respeito deste assunto. E se você acha que resolvi escrever este texto exatamente por causa disso, está certo também, mas também porque há alguns dias, houve o que chamam de “A punição extrema, degradante e desumana” na Indonésia a um traficante de drogas brasileiro.
Em muitos países esta prática viola os Direitos Humanos de 1948 que nos diz no artigo 5º que “Ninguém deverá ser submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes”.
Isso então, de ter o poder de exterminar a vida de um semelhante, nos parece ser um poder apenas de Deus. Tirar a vida de outrem é uma ação que implica um poder absolutamente paradoxal, já que não sei imaginar um ser humano, ou uma instituição governamental ter o direito de tirar a vida de outro ser humano.
Em contrapartida, os países que têm a pena de morte legalizada, justificam a prática alegando que esta previne a criminalidade. Isso deve acontecer mesmo. Afinal, imagino que qualquer um teme a morte. Ainda mais a morte anunciada. Imagine você saber que vai morrer num sábado às três horas da tarde. Ora, essa é uma boa hora para tomar uma cerveja no Bar do Lu, não para morrer. Ter na mente a certeza da própria morte deve causar qualquer confusão mental ou novenas intermináveis.
Mas ainda assim, mesmo diminuindo a criminalidade, será que é confortável, até mesmo para o executor, que mata em nome de uma instituição, dar fim à vida de outra pessoa? Realmente não sei responder. É um assunto muito polêmico e pode dar muito pano pra manga.
Mas, por outro lado também, nos fazem refletir sobre as leis e punições no Brasil, que não são nem um pouco severas e, muito provavelmente por isso mesmo, o Brasil esteja em décimo segundo lugar no ranking dos países mais inseguros do mundo para se morar e a Indonésia esteja no quinquagésimo quinto lugar na mesma lista.
Não é nem defendendo a pena de morte, mas o que eu tenho é pena que um país tão rico culturalmente, tão cheio de esperança, seja visto por nós mesmos e pelos estrangeiros como um país bagunçado, de leis brandas e criminosos impunes. Talvez porque grande parte dos nossos governantes esteja do lado de quem quer que o país seja considerado como o General Charles de Gaulle e o embaixador brasileiro na França, Carlos Alves de Souza, concluíram. “O Brasil é um país que não se deve levar a sério”. É mesmo uma pena!