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Artista plástico radicado no Brasil exalta reconhecimento do seu trabalho em T.O.

Em entrevista ao jornal, o austríaco-brasileiro Jonny Zeber relatou o amor por Teófilo Otoni, sua longa passagem pelo Rio de Janeiro, de onde saiu com depressão profunda para se curar na atmosfera tranqüila e pacata do Vale do Mucuri. Falou ainda do reconhecimento do seu trabalho na cidade, tendo como ápice a exibição de uma de suas obras nos corredores da Câmara Municipal

TEÓFILO OTONI – O artista plástico e restaurador de obras nascido na Áustria, Jonny Zeber, há três anos residindo em Teófilo Otoni após uma experiência negativa com a cidade maravilhosa, o Rio de Janeiro, celebra sua boa adaptação no Vale do Mucuri. Ele tem seu trabalho reconhecido no município, com uma pintura do prédio histórico da Câmara Municipal fixado no hall de entrada da casa, ladeada por uma placa em referência a obra e à sua arte.

Quadro em homenagem à cidade, com a pintura a óleo do prédio histórico da Câmara Municipal, obra exposta nos corredores da casa legislativa com uma placa com as credenciais do austríaco Jonny Zeber, pintor adepto do estilo clássico

“Tive depressão no Rio de Janeiro. No começo estava muito bom. Mas com o financiamento dos bancos para comprar carros no Brasil, o trânsito ficou insuportável, e o barulho acabou me adoecendo. Não agüentava mais tanto barulho e vim para Teófilo Otoni, cidade que já conhecia desde os anos 1990 e estou muito bem adaptado. Adoro morar aqui”, relatou ele na redação do jornal, na manhã desta terça (27), com um português arrastado pelo sotaque gringo. Apesar dos elogios rasgados ao local onde mora atualmente, não se esquece de reforçar que a cidade também ‘sofreu’ com o boom automobilístico. “Nos anos 1990 estive aqui e via um punhado de fuscas e outros carros. Hoje as ruas estão cheias de veículos para todos os lados”.

Segundo Jonny, sua depressão começou a ser curada em Teófilo Otoni, a partir do trabalho da acupunturista Allyne Dias. “Estou melhorando muito. Quase 100% curado. Ela é uma excelente profissional”, garante ele.

 

Brasil, paixão a primeira vista

 

Placa de reconhecimento do trabalho do artista plástico Zonny Zeber exposta na Câmara de Vereadores de Teófilo Otoni

Jonny Zeber veio ao maior país tropical da América do Sul em 1982, seduzido por um anúncio de jornal publicado pelo reconhecido periódico Diário Tirol, do estado homônimo. Morador da pequena Stockenboi, com 1.500 habitantes (à época), ele diz ter se encantado com a propaganda estampada em gravuras colossais e a chamada ‘Conheça o Rio’. “Fiquei maravilhado com o Pão de Açúcar, as praias, as mulatas… Me apaixonei logo na primeira visita”. A viagem inicial, de 21 dias, foi extensa e compartilhada com um grupo de turistas do país anglo-saxão. Pelo pacote, em menos de um mês (21 dias), o austríaco em busca de um lugar ao sol conheceu mais regiões do país que grande parte dos brasileiros. Percorreu e conheceu Brasília, Salvador, Belo Horizonte, Manaus, Recife, Foz do Iguaçú, Curitiba, Rio de Janeiro, Ouro Preto, dentre outras importantes cidades do turismo, da cultura e da economia tupiniquim.

Após uma série de visitas, descobriu parentes no país. “Primeiro foi uma prima de segundo grau, filha de pai austríaco, no Rio de Janeiro. Com o tempo encontrei mais familiares, o que facilitou minha adaptação”, disse.

Depois se casou com a teófilo-otonense Maria Aparecida, sua esposa até os dias atuais. Jonny contou tê-la conhecido em suas andanças pelas ruas cariocas, numa empresa onde ela trabalhava como telefonista. Isso em 1992, ano em que consagrou o matrimônio com a brasileira, em seu nação de origem.

Em 1994 aconteceu a visita derradeira à terra brasilis. Zeber se mudou para a capital Fluminense, onde residiu até chegar ao nordeste de Minas Gerais. Entre suas referências e orgulhos na vida, além da arte, ressalta a culinária nacional, “em lugar nenhum do mundo comida melhor há”, e o fato de ter servido à ONU, como atirador de elite, entre 1978 a 1980, na tropa das Nações Unidas que cuidava da paz na fronteira entre a Síria e Israel.

 

Pintura a óleo

Entre as formas, o artista trabalha o erotismo feminino, paisagens naturais do país e construções históricas de Teófilo Otoni

 

A homenagem na Câmara Municipal de Teófilo Otoni foi possibilitada após um encontro dele com o presidente da casa, vereador Fábio Lemes (Avante), que entendeu a beleza [e a importância] da produção artística e junto aos colegas parlamentares a disponibilizou no prédio legislativo, aumentando a gama de produções culturais expostas nos corredores do imóvel.

O quadro, que homenageia a cidade por meio do imóvel histórico que abriga o legislativo municipal, tem um ponto polêmico. Ao seu fundo, nas alturas do antigo Cine Vitória, é possível ver alguns urubus, nos quais dois estão de peito emplumado e bico em riste, no topo do prédio ao lado (bem ao estilo dos gárgulas tão comuns das estruturas góticas europeias) observando a Câmara Municipal de Teófilo Otoni, enquanto outros abutres sobrevoam as proximidades.

Segundo Jonny, sem eufemismos, a presença dos pássaros se refere a certa falta de limpeza urbana e desorganização do trânsito à época da pintura, em 2017.

 

Arte como inspiração

 

Apesar de vender pinturas encomendadas, ele diz que não depende da arte para viver, fazendo-a por paixão, o que lhe garante mais tempo para preparar seus quadros, visto que não há a correria [comercial] para a entrega de nenhuma peça. Entre seus traços favoritos estão a beleza negra, as paisagens naturais, e a mulher em si, especialmente o nu e o erótico artístico feminino, padrões estes desenhados com uma pegada do estilo clássico. “O meu de berço”, salienta. Adaptando a geografia e a cultura brasileira a uma das mais difundidas formas europeias de construção da realidade, a 3ª arte, Jonny Zeber vai marcando seu espaço em divisas além-mar.

 

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