Sebastião Lobo (Almenara-MG)
Teófilo Otoni, do ano passado para cá, sofreu quase que sucessivamente grandes perdas humanas. Agora por último foi a vez da ex-prefeita e ex-deputada Maria José Hauesein, minha querida amiga de quem eu gostava muito e gosto, pois espiritualmente para mim ela não morreu. Vai continuar viva no meu coração e na minha lembrança.
Raramente nos víamos, sempre nos grandes acontecimentos políticos e culturais dos Vales do Mucuri e Jequitinhonha. Quase todas as vezes com seu fiel companheiro de longas jornadas políticas Nilmário Miranda. Estivesse com estivesse, assim que me via ela logo se aproximava de mim com os braços abertos para o mais caloroso e fraterno dos abraços.
– Meu querido jornalista, que prazer em revê-lo!
Por mais ocupada que estivesse nunca lhe faltava tempo para conversar comigo. Queria saber como eu estava, se ainda morava em Almenara e que espécie de elixir eu estava usando que continuava o mesmo.
– Pra você parece que o tempo não passa.
Eu fazendo humor, replicava:
– Que nada, deputada, eu é que estou passando pelo tempo.
– Gosto muito de te ouvir falar, elogiava-me e completava:
– E de ler o que você escreve.
Vindo de onde vinha o elogio sincero, franco e espontâneo, sem nenhuma rasgação de seda barata, só tinha que envaidecer-me.
– Muito obrigado, deputada. A senhora sempre põe o coração na boca para falar de mim. Também a admiro muito por ser uma grande vencedora na vida. Começou lá de baixo e chegou lá em cima, sem perder de vista os que não subiram, numa escalada de sucesso e de conquistas como mulher forte e predestinada.
A última vez que a vi foi num evento da minha querida Academia de Letras de Teófilo Otoni, realizado na Câmara Municipal. Lá da mesa de autoridades ao descobrir-me no recinto, acenou-me com a mão como se fosse uma despedida.
Seja como emérita professora de História, deputada ou como prefeita de Teófilo Otoni, Maria José, fonte humana de inesgotável saber, escreveu com letras de ouro indelevelmente seu nome na história desta cidade que tanto amou e pela qual tanto fizera.
O que está escrito na História, o tempo jamais apagará. Sobretudo quando é escrito com a tinta da Gratidão, do Amor e da Saudade.
Quem conheceu e amou Maria José que andar por Teófilo Otoni, a verá sempre com os olhos sensoriais da alma, sorrindo docemente, meigamente, acenando com mão generosa, com o mais meigo e terno dos sorrisos que em vida nunca lhe faltara.
Pessoas como Maria José, a gente nunca deve dizer adeus, mas simplesmente até logo!
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Sebastião Lobo é jornalista, advogado, escritor, membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni e colunista do Jornal Diário de Teófilo Otoni