Quase cresci. E agora, entre olhos vermelhos, espinhas, confusões, alegrias, tristezas e ereções espontâneas, passo minhas tardes em frente ao computador e ao celular, esperando, em vão, encontrar o grande amor e estudando para o ENEM.
Se bem que minha vida anda tão complicada que eu quase não consigo entender mais nada sobre intertextualidade e equações do segundo grau. E os professores ainda me pedem para ler Clarice Lispector e Machado de Assis, então minha confusão aumenta. Como vou saber se a tal Capitu traiu ou não? Eu quase não sei nem quem sou.
Minha vida vai mal. Tanto aescolar quanto a amorosa. Tenho tido saudades repentinas da velha infância perdida. Isso pareceu lamento poético, e letra de música metida a besta, mas é apenas desabafo inconsciente.
“Me apaixono todo dia e é sempre a pessoa errada”, ninguém sorri pra mim, nem diz que gosta de mim. Minhas espinhas estão aumentando cada vez mais. Estou de saco cheio da escola, dos amigos não. Os amigos são essenciais nessa fase. Na verdade, amigos são a parte boa dessa história toda.
Ser adolescente hoje em dia não é nada fácil. É tanta gente chata, gente na cola, encheção de saco na escola, professores com perseguição, crush que nunca dá atenção, mãe e pai intrometendo à beça, tanta gente nos dizendo que faculdade fazer, gente pedindo nude, eu não sei como pude não crescer ainda.
Ainda bem que isso acaba um dia e lá se vai minha efêmera pseudo falta de quase alegria, melhor mesmo seria se ela olhasse pra mim um dia. Espero que dê certo, já atingi certa idade, preciso garantir meu lugar no futuro e na faculdade e também preciso perder logo essa virgindade.
