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COLUNA DO DR. JOÃO DOMINGOS

A desvalorização dos Professores no Brasil

Percorrer a história da profissão de professor brasileiro é uma maneira de descobrir detalhes do processo que leva ao atual quadro de desprestígio social do magistério. Essa história é indissociável da evolução da escolarização no Brasil.

O magistério, como outras profissões, obedece a uma regra mais ou menos universal: quanto mais especialização um trabalho requer, mais o profissional será valorizado. O que ocorreu com a docência foi que, ao mesmo tempo que se foi reconhecendo a necessidade de formação específica para que alguém aprendesse a ensinar, a consolidação dos diferentes níveis de ensino também criou diferentes níveis de exigência para os professores. É, sem dúvida, uma profissão muito heterogênea e os critérios de entrada e permanência na carreira são muito distintos, o que vai implicar diferenças de formação, diferenças salariais, de condições de trabalho e de carreira.

A desvalorização do profissional da educação não aconteceu por acaso. Hoje temos cerca de 2,6 milhões de professores espalhados por este país vivendo realidades as mais variadas. É terrível acompanharmos o atual debate do piso salarial dos professores onde diversos estados e municípios não querem praticá-lo e, fazer um comparativo entre o salário de professor e  de outras profissões que, necessariamente, são formado pelos professores.

Medicina: a medicina possui diversas especialidades e as chances de crescimento dos profissionais dessa área estão diretamente ligadas aos diferentes ramos ele segue. Mas, se você for apenas graduado nessa área, tem um salário médio de R$ 16.000,00. Já se for mestrado ou doutorado, tem remuneração acima de R$20.000,00. Aqui, a média salarial dos profissionais mais bem pagos pode chegar a mais de 120.000,00.

Ciências agrárias: é uma área multidisciplinar que envolve

campos como Agronomia, Biocombustíveis e Engenharia Florestal, com salario médio  de R$ 6.500,00.

Ciências biológicas e de saúde: Ecologia, Farmácia, Nutrição e Biomedicina são graduações com salário médio de R$  5.000,00.

Odontologia: tem salário médio é de R$ 4.000,00. A remuneração dos profissionais mais bem pagos chega a casa dos R$ 50.000,00.

Veterinária: essa profissão já foi muito mal vista pelo mercado de trabalho, mas conseguiu seu triunfo, hoje tem salário inicial é de cerca de R$ 4.500,00.

 

Administração: apesar de ser uma área saturada, continua pagando bem, com salário médio R$5.000,00 para os graduados e de mais de R$ 8.000,00 para mestres e doutores. Para os profissionais com maiores remunerações e expressão nacional passa da casa dos R$ 120.000,00.

Ciências econômicas e contábeis: Para esses profissionais a média salarial é de R$ 4.800,00 (graduado) e R$ 8.000,00 (mestrado ou doutorado).

Engenharia: química, mecânica, alimentos e outros são apenas algumas das especialidades da Engenharia, com média salarial de R$ 5.000,00 (graduados) e R$ 8.000,00 (mestres ou doutores). Mas há remuneração de profissionais dessa área acima de R$ 30.000,00.

Geologia: apesar de sofrer preconceito de uma maneira geral, ainda assim  tem remuneração média é de R$ 5.500,00.

Estatística: essa é uma das áreas com déficit de profissionais do país, ainda que tenha um salario médio de R$ 3.800,00.

 

Direito: Fora os juízes desembargadores, que têm média salarial acima de R$ 30.000,00, o mercado geral também é bom para os advogados: a média salarial é de 6.000,00 (graduados) e R$ 10.000,00 (mestres e doutores). Tem advogados famosos que ganham acima de 300.000,00, além do que delegados tem media salarial acima de R$8.000,00.

Ciências humanas e sociais: História, Serviço Social e Arqueologia são algumas das muitas profissões possíveis para essa área. O salário médio aqui é de R$ 2.500,00.

Letras e Artes: essas, certamente, não são áreas que o senso comum considera promissoras. Mesmo assim, faz parte do nosso

ranking, com média salarial de R$ 2.500,00.

Comunicação Social: essa é uma das muitas áreas consideradas saturadas no Brasil. Mesmo assim, a média salarial é de R$ 4.000,00. Os jornalistas mais bem remunerados do país, por exemplo, chegam à média de R$ 150.000,00.

Pedagogia: Nem o salário médio de R$ 2.500,00 parece atrair profissionais para essa área, que é famosa pelo déficit no mercado de trabalho. Dos professores do Estado de Minas e dos Munícipios de Minas  nem vou colocar os valores aqui como forma de protesto. São irrisórios.

Ou seja, os professores que são responsáveis por formarem todos os outros profissionais acabam ficando para trás na hora de receber salários. Os professores do ensino fundamental ganham uma miséria e os professores do ensino médio também. O que dizer de um país que não valoriza seus profissionais da educação?

No Japão até o imperador se curva diante de um professor. Aqui no Brasil o descredito é tanto que tem professor tomando “tapa na cara” – de aluno em sala de aula. Temos que mudar essa situação.

Professor precisa ser valorizado.

O governo,  seja federal, estadual ou municipal precisa compreender que somente valorizando a educação é que conseguiremos melhorar o nível do cidadão nacional. Hoje temos cerca de 2,6 milhões de professores espalhados por este país vivendo realidades as mais variadas. Só numa coisa eles têm uniformidade: sua desvalorização.

Que pena, Brasil!

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