campanha
Restaurante Irmã Zoé

Deputado Federal Fábio Ramalho é citado em Lista da Odebrecht

Matéria do jornal O Tempo, de Belo Horizonte, revela apelidos dos políticos mineiros envolvidos nas delações dos dirigentes da empreiteira. Viagra, Barbie, Maçaranduba, Drácula e Kibe são alguns dos apelidos encontrados nas planilhas da Odebrecht. Citado como “Barrigudo”, o deputado federal Fábio Ramalho aparece como tendo recebido R$ 50 mil para apresentar projetos e emendas de interesse da empreiteira. Parlamentar rebate em relação a supostas ilegalidades em seu mandato

TEÓFILO OTONI – A lista apresentada pelo executivo Benedicto Junior, delator da Odebrecht, cita nominalmente 40 mineiros dentro de uma relação de 187 políticos. O relatório de BJ, como o delator é conhecido, revela repasses de caixa 2 que teriam sido feitos entre os anos de 2008 e 2014 a figuras de diversos partidos.

Entre os nomes com atuação no Estado, mais da metade ocupa hoje um cargo eletivo no Legislativo ou no Executivo. Entre os 24 que cumprem mandatos, o documento entregue à operação Lava Jato implica dois senadores, 12 deputados federais, cinco estaduais, dois prefeitos, um vereador, além do governador Fernando Pimentel (PT) e de seu vice, Antônio Andrade (PMDB).

Citado como “Barrigudo”, o deputado federal Fábio Ramalho, do PMDB, aparece como tendo recebido 50 mil reais para apresentar projetos e emendas de interesse da empreiteira. O deputado afirmou que todas as doações recebidas na campanha foram declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por meio de prestação de contas e de forma absolutamente legal. Fábio garante que não recebeu nada da Odebrecht no ano de 2010. O parlamentar diz ainda que fatos narrados neste momento são frutos de confusão ou de má fé. Atual vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho, conhecido também como Fabinho Liderança, é natural de Malacacheta e tem reduto eleitoral nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.

 

Graúdos

Entre os políticos mineiros, o senador Antonio Anastasia (PSDB) é o que teria recebido o maior repasse por meio de caixa 2. De acordo com a planilha, foram R$ 5,47 milhões em oito parcelas ao longo de 2010, quando Anastasia disputou e venceu a reeleição para governador de Minas. Na planilha, Antonio Anastasia é apelidado de “Dengo”.

O segundo maior favorecido seria o também senador tucano Aécio Neves, que ganhou o apelido de “Mineirinho”. Aécio teria recebido R$ 5,25 milhões em cinco transferências, em 2010. Os valores, segundo BJ, foram tratados diretamente com Aécio, sem interlocutores.

Pimentel aparece com duas doações no total de R$ 250 mil em 2010, ano em que foi nomeado ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio da ex-presidente Dilma Rousseff. A menor cota entre os mineiros teria ficado com o ex-deputado e atual secretário de Direitos Humanos de Minas Nilmário Miranda: R$ 12 mil em 2010.

 

Confira alguns dos nomes da lista:

 Aécio Neves 
O senador Aécio Neves, para o qual o ministro do STF Edson Fachin solicitou a abertura de cinco inquéritos, aparece na lista de Caixa 2 da Odebrecht, com o apelido “Mineirinho”, e como tendo recebido o montante de R$ 5.250 milhões em 2010. Por meio da assessoria de imprensa, ele respondeu que os delatores não apresentam nenhuma prova ou documento que mostre qualquer ato ilícito da parte do senador. Segundo o texto, Aécio Neves não recebeu recursos de caixa 2. Ainda de acordo com a assessoria, na condição de dirigente partidário do PSDB, o senador pediu apoio da empresa a vários candidatos, mas sempre dentro da lei.

 

Antônio Augusto Anastasia 

O também tucano senador Antônio Anastasia, tratado pelo codinome de “Dengo” na planilha, segundo o delator, teria recebido em 2010, R$ 5 milhões e R$ 475 mil. Em nota, a assessoria do político afirma que, mais uma vez, em toda a sua trajetória, Anastasia nunca tratou de qualquer assunto ilícito com ninguém.

 

Fernando Pimentel 

O governador de Minas Fernando Pimentel, tratado como “Do Reino” na planilha, aparece duas vezes. Segundo o delator, ele teria recebido R$ 250 mil, em 2010, para defender privatizações e concessões. O advogado do petista, Eugênio Paccelli, respondeu que não há na planilha nada que aponte um único dado concreto a ser respondido. Segundo o defensor de Pimentel, por desconhecer a contabilidade dessa empresa, por não saber quando a tal planilha foi feita e por desconhecer se ela tem valor probatório, não é possível dar credibilidade a esse desenho.

 

Antônio Andrade

O peemedebista Antônio Andrade, presidente do partido em Minas e vice-governador do estado, é tratado na planilha pelo apelido de “Wanda” e seria destinatário de R$ 275 mil, em 2010, na campanha para deputado federal. O retorno seria apresentar emendas e defender projetos de interesse da empreiteira. Em nota, o vice-governador afirmou que ‘não recebeu nenhum valor da Odebrecht e todas as doações e despesas daquela eleição foram devidamente declaradas à Justiça Eleitoral, e a prestação de contas, aprovada. O Diretório Estadual do PMDB/MG, presidido por mim, recebeu, naquele ano, doação da referida empresa, que também foi declarada ao TER’.

 

Márcio Lacerda 
O ex-prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, do PSB, apelidado de “Poste” na lista, teria recebido R$ 500 mil em 2012 e R$ 500 mil em 2014. A assessoria de Lacerda destaca que nos depoimentos da delação não há nenhuma acusação de corrupção contra ele. Ainda segundo o texto, todos os recursos recebidos pela campanha foram oficialmente declarados, não houve Caixa 2 e em nenhuma obra da gestão de Marcio Lacerda houve qualquer tipo de contrapartida, propina ou troca de favores.

 

Alberto Pinto Coelho

O ex-governador Alberto Pinto Coelho, do PP, apelidado de “Da Casa”, teria recebido R$ 825 mil. Um dos propósitos seria o desenvolvimento de projetos de interesse da empreiteira. Por  meio da assessoria, ele informou que não irá comentar o assunto e que desconhece totalmente o teor da delação, bem como a motivação que originou tais menções improcedentes. Ainda segundo a assessoria, ele nunca foi e nem está citado judicialmente

Mauro Lopes 

Mauro Lopes, deputado federal pelo PMDB, informou à reportagem da Itatiaia que recebeu a quantia de R$ 25 mil reais da Odebrecht, em doação legal, e que o restante da campanha de 2014 foi financiado pelos próprios filhos empresários. Na planilha, ele é tratado pelo apelido de “Cintinho” e mencionado como receptor de R$ 50 mil, disposto a apresentar emendas e defender interesses da empresa no parlamento.

Nilmário Miranda 

O secretário de direitos humanos do governo de Minas, Nilmário Miranda, aparece na planilha com o codinome “Metalúrgico”, como tento recebido R$ 12 mil da empreiteira em 2010 na campanha para deputado federal. Segundo ele, isso é uma mentira descabida. O petista afirma que nunca recebeu nenhum centavo da empresa. Ainda segundo Nilmário, ele está discutindo com advogados a possibilidade de processar o delator.
Eduardo Azeredo 
De acordo com a planilha da Odebrecht, o ex-governador de Minas pelo PSDB Eduardo Azeredo, apelidado de “Padrinho”, teria recebido R$ 50 mil para apresentar emendas ou defender projetos do interesse da companhia. O ex-governador afirmou à reportagem da Itatiaia que a campanha dele recebeu doação da Odebrecht, mas dentro do que manda a lei.

 

Bernardo Santana 
O ex-deputado federal Bernardo Santana, do PR, ex-secretário de Defesa Social de Minas Gerais, apelidado de “Igreja” na planilha, teria recebido, segundo o delator, 150 mil reais em 2010 para apresentar emendas e defender projetos de interesse da empresa. Até o momento, o parlamentar não retornou às ligações e nem às mensagens com pedido de resposta.

 

Célio Moreira 

O ex-deputado estadual tucano Célio Moreira, apelidado de “Francês”, teria recebido, em 2010, R$ 100 mil para propor emendas favoráveis à empresa. Em nota, ele respondeu que repudia a citação.

 

(Créditos: Tâmara Teixeira – Jornal O Tempo)

 

Compartilhe :