TEÓFILO OTONI – A candidata a deputada estadual pelo Partido dos Trabalhadores, Beatriz Cerqueira apresentou sua plataforma de governo no último domingo (19), durante um encontro com lideranças locais e grande público em Teófilo Otoni. Professora, presidenta licenciada da CUT Minas e coordenadora-geral licenciada do Sind-UTE MG, Beatriz Cerqueira foi a primeira mulher eleita para a presidência da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais. Beatriz Cerqueira, também conhecida como Bia, é professora formada no Instituto de Educação de Minas Gerais e atua na rede municipal de Betim, desde 1996, tendo trabalhado anteriormente nas redes de Belo Horizonte e Contagem. Formada em Direito, começou sua atuação política em grupos de Jovens, tendo atuado no movimento estudantil e, agora, no movimento sindical. Com forte adesão no Vale do Mucuri, Beatriz Cerqueira afirmou que sua candidatura terá foco na defesa dos trabalhadores, pela auditoria das finanças públicas, pelos educadores mineiros e geração de empregos. Confira na íntegra a entrevista desta edição com intuito de fazer com que o eleitor conheça melhor as propostas e as intenções, bem como, esclarecer dúvidas sobre a vida política dos candidatos. O DIÁRIO espera abrir um espaço imparcial e democrático o qual os candidatos possam expressar suas opiniões e explanar ideias que venham beneficiar a população.
DIÁRIO – Com uma carreira consolidada na Educação, tendo uma voz sindical ativa e coordenando diversos trabalhos e lutas em defesa dos servidores estaduais à frente do Sind-UTE e CUT-MG, por que se lançar neste momento a uma disputa eleitoral?
BEATRIZ CERQUEIRA – Desde 2010 existem alguns grupos da categoria que fazem essa discussão. Nossa vida depende muito do parlamento, e a gente não discute muito isso, onde a cultura brasileira é presidencialista. Então a gente foca no presidente, e o parlamento a gente não percebe ou escolhe de última hora. Isso é um problema porque tudo que a gente vive vem do parlamento, e nós servidores públicos ainda mais. Desde a retirada de direitos ou conquistas de direitos passam pelo parlamento. Então essa candidatura vem do desejo da categoria, além de outros movimentos e sindicatos. Eu assumi a presidência da CUT em 2012 e é uma plataforma que também abrange a luta de outras categorias e movimentos sociais, e com essa tarefa. Como o parlamento tem um papel vital na nossa vida a gente precisa disputa-lo. Hoje a Assembleia Legislativa, dos 77 deputados e deputadas temos duas subrepresentações, primeiro de mulheres, onde não temos 10% – são seis mulheres deputadas, e em segundo temos uma sub-representação de origem de organização de classe trabalhadora. Dos 77 deputados só três tem origem na organização trabalhadora, na luta de classe trabalhadora.
Por que existe uma dificuldade tão grande em criar uma Bancada da Educação na Assembleia de Minas Gerais, enquanto que outros setores menos representativos conseguem com mais facilidade?
De fato a Educação se dispersa muito exatamente porque a gente desconecta a nossa luta de categoria que a gente faz com muita garra e persistência, onde desconectamos da luta geral e da política, exatamente achando que a política não tem ligação com nossa luta específica, nossa luta para melhorar as condições da nossa vida. A minha candidatura tem essa tarefa de fazer essa reconexão, de nos desafiar enquanto categoria, voltar a eleger uma representação. O desafio dessa candidatura é voltar a eleger representantes da Educação.
Por conta do movimento sindical e sua representação, você já está familiarizada com as demandas locais? Qual a sua plataforma de governo e como o Vale do Mucuri, em especial, Teófilo Otoni, será assistida?
Não sou uma candidata de fora, porque estamos disputando uma cadeira na Assembleia Legislativa, que é a representação de Minas Gerais. Nós precisamos tomar cuidado, porque o candidato local atua muitas vezes como gueto em um mecanismo de fazer com que aquela região se torne dependente dele. Então o deputado não vai procurar o desenvolvimento da região, ele só vai procurar políticas assistencialistas de modo que aquela região sempre precisará dele. Isso é um problema que precisamos debater. Vou citar a questão das ambulâncias, que é muito concreto. Se temos vários municípios que precisam de ambulâncias, por que cada deputado vai ter 10 ambulâncias para entregar para quem quiser? Ao invés disso por que não fazemos um processo de planejamento no Sistema Único de Saúde, a médio, longo prazo, onde a cada três anos determinada região ou todas as regiões ou municípios a partir de um número determinado de habitantes todos eles tenham uma ambulância à disposição? Eu trago algumas pautas, como a defesa da Educação, que é de interesse do Vale do Mucuri, porque educação de qualidade precisa ser para todo o Estado. A pauta da defesa do emprego, onde estamos com mais de três milhões de pessoas desempregadas ou subempregadas em Minas. Emprego é uma questão de direito, sobrevivência. Relacionado ao emprego entramos na discussão das tarifas públicas. O que nós pagamos em um botijão de gás, um litro de gasolina, é completamente desconexo com a realidade, fruto de uma política econômica equivocada. Temos também a pauta na área da Saúde que está na nossa plataforma, primeiro em defesa do Sistema Único de Saúde, um sistema que atenda a população. Temos também a pauta do desenvolvimento regional. Precisamos de pessoas que pensem o Estado. Quando eu penso o Estado vou olhar para cada região e vou compreender o que a aquela região precisa, o investimento prioritário para aquele local. As regiões são diferentes e precisam investimentos específicos, localizados. Essa é uma candidatura de base estadual, que consiga discutir o Estado, ou seja, qual o orçamento do Estado e como ele é distribuído ou ainda como vamos discutir em um momento de crise econômica que o Estado faça tantas renúncias próprias de receitas. São debates fundamentais que são importantes para Minas. Teófilo Otoni e demais cidades do Vale do Mucuri são municípios que eu já atuo desde 2010, estou sempre por força da nossa representação, por força da representação da CUT,
e vir na região é assumir um compromisso. Nesse período de pré campanha e de campanha já fiz mais de 80 plenárias exatamente por um processo que eu acho que é fundamental, que é de construir com as pessoas.