Dois advogados estão encarcerados no presídio após receber voz de prisão da subinspetora de Polícia Civil de Águas Formosas nessa sexta-feira (17), após abandonarem um depoimento de um cliente na Delegacia da cidade. O pedido de prisão partiu do delegado.
Os colegas de profissão se mobilizaram e consideraram a prisão arbitrária. “Era um depoimento do cliente na delegacia. Os advogados não queriam que ele falasse. Era somente para falar em juizo. O cliente insistiu em falar e os 2 advogados abandonaram. Os artigos do Código Penal remetem a constrangimento. A OAB está marcando em cima”, disse um advogado de AF entrevistado pelo Diário.
Ontem (18) aconteceu a audiência de custódia, e a juíza de Pedra Azul decidiu pela soltura dos advogados, fixando fiança de R$ 1 mil reais para cada um.
Porém eles ainda não foram soltos, pois o alvará de soltura não chegou ao presídio, onde eles passaram a noite.
Caso
Segundo o BO 2023-053666776-001, um homem conduzia uma motocicleta na cidade em situação irregular. Ele foi preso e levado a Delegacia. O autor contratou os 2 advogados, porém, conforme o despacho judicial:
“Durante a custódia do preso, a investigadora viu que o conduzido estava chorando, e ao ser indagado este disse que não tinha o costume de mentir e que queria falar a verdade, momento em que os advogados passaram a alterar o tom de voz e a dizer para ele que se ele falasse ele iria prejudicar outras pessoas, e que abandonariam naquele momento o caso…. Após a saída dos advogados, o conduzido disse para os investigadores que havia sido instruído pelos mesmos a assumir a propriedade da motocicleta porque caso ele contasse a verdade poderia acabar sobrando para outras pessoas e que iria virar uma bola de neve”.
Nesse momento os advogados abandonaram o caso, e o delegado ordenou a subinspetora a prendê-los.
O Diário tentou diversos contatos com o presidente da OAB de Águas Formosas, mas ele não atendeu.
Outros advogados ouvidos disseram que: “É construção de tese de defesa, conversado previamente. Os advogados foram traídos pelo cliente e tem o direito de abandonar o caso. Poderá vir a ser investigado um possível abuso de autoridade”.
