campanha
Restaurante Irmã Zoé

Em entrevista ao DIÁRIO, Edson Soares quer reafirmar seu legado de ex-prefeito em pré-candidatura para 2020

TEÓFILO OTONI – Edson Soares foi prefeito de Teófilo Otoni por duas ocasiões, e é um dos grandes nomes da política municipal ainda em cena, talvez o último daqueles figurões políticos remanescentes dos anos 1980 e 1990, quando a cidade contava com Luis Leal, Kemil Kumaira, Wander Lister, Maria José e Getúlio Neiva. Destes apenas o último ainda não in memoriam, porém fora do cenário político devido o AVC sofrido em 2016 em pleno pleito eleitoral. Edson é do tempo das grandes obras, trabalhos que calçaram Teófilo Otoni e a moldaram na cidade que é hoje, definindo sua infra-estrutura e rede logística, além da implantação dos pioneiros serviços públicos, como a implantação  do Corpo de Bombeiros, que aconteceu em seu governo, como o próprio bem lembrou nessa entrevista. Também foi deputado federal, e sempre se lança na política do município obtendo expressiva votação. Há ainda aqueles teófilo-otonenses que só votam em Edson Soares, no cargo disputado que for. Mas como conquistar o eleitor mais jovem, e garantir o desenvolvimento em tempos de crise? Esta e outras indagações são aferidas pelo presidente municipal do PRB, nesta entrevista exclusiva ao Jornal Diário.

DIÁRIO: O senhor é um político experimentado, com vários cargos exercidos. Foi  por duas vezes prefeito de Teófilo Otoni, deputado federal, e é notoriamente reconhecido pelo público de média idade para cima do município.  Então, como conquistar, agora, os moradores mais jovens?

EDSON SOARES: Nós vamos mostrar para a juventude que somos capazes pelo que nós fizemos. Desenvolver um projeto planejado para progredir a cidade, como fizemos anteriormente. Nós defendíamos, eu tenho exemplos que darei em outra oportunidade se for o caso, a ideia de que cresceríamos em dois vieses, por dois caminhos: a distribuição de alimentos e a de cosméticos para todo o Brasil, a exemplo do que faz Uberlândia com suas grandes empresas de distribuição via transporte rodoviário; E sendo um centro de formação educacional. Para se ter uma ideia do governo à nossa época, construímos o prédio da Escola Maria Amália, um imóvel grande, bonito, para por dois mil e quatrocentos e oitenta alunos. Nessa época a UNIPAC estava começando, se pensava em iniciar a DOCTUM, lutávamos, como todos  os políticos da região, para que se trouxesse a Universidade Federal para Teófilo Otoni. Briguei junto com o então deputado, meu amigo, Nilmário Miranda, para trazer o Banco do Nordeste para cá, que ainda era, eu não diria capenga,  mas frágil. Banco este que proporciona investimentos a juros baixíssimos, incentivando a indústria e a prestação de serviços para a agropecuária da região de Teófilo Otoni. É mostrar aos mais jovens que fui um  dos deputados que dormiu várias vezes no plenário do Congresso Nacional com prefeitos dos Vales do Mucuri e do Jequitinhonha, para forçar os deputados, sobretudo do estado do Espírito Santo, e das regiões Norte e do Nordeste do país, a votar a favor do Projeto de Lei que trouxe grandes benefícios para a região, que foi a Sudene. É claro que muitas coisas chegaram com o tempo, como o próprio Banco do Nordeste. Mas, vários avanços que são necessários. Eu conversei

recentemente com a gerente do banco. Eu disse para ela que, caso eleito prefeito, iria me reunir com os deputados federais que representam nossa cidade e região para trazer  a superintendência do banco para T. Otoni. Fator este que geraria centenas de empregos e oportunidades, além de rapidez na realização de projetos de cadastros para injeção de recursos no fomento do empreendedorismo. Pode-se notar que nós temos ideias, e a juventude quer é justamente isso.  A juventude quer cabeças pensantes, em pessoas que pensam no que ela pensa, nas questões que ela precisa, no que ela demanda. A juventude demanda vontade de trabalhar, de formação, vontade de arrumar um emprego, de se posicionar com dignidade na sociedade. E ela não fará isso sem trabalho, sem mostrar que é útil, que é competente, que justifica o seu curso superior. A juventude não quer só o diploma, ela quer sobretudo algo que lhe dê dignidade, que é o trabalho, o emprego. E eu penso nessa perspectiva. Não fomento nem estimulo heresias, questões enganosas e sem sentido. Hoje, levanto um grande debate, nós não temos condições objetivas de instalação de grandes indústrias na região, pois temos dificuldades topográficas, dificuldades hídricas, falta de água, transporte ineficiente para grandes escoamentos. Neste sentido, só temos asfalto, que é o mais caro meio de transporte para manutenção e implantação. Não temos rede ferroviária,  não temos nem aeroporto para transportar nem os executivos,  não temos um rio saneado. Empresário sério, de grande empresa, não vem para cidade poluída. E, o mais importante, não temos centro consumidor perto. Você tem  que fabricar e vender, mas está longe de portos, de aeroportos, longe de cidades grandes, de municípios que consomem. Temos que trabalhar naquilo que é a nossa vocação geográfica, a nossa vocação topográfica. Nós estamos no centro do país. Possuímos várias atividades que iremos elencar e, que começaremos a praticar quando prefeito para estimular as oportunidades vocacionais da cidade e da região. Eu vejo que a juventude não terá dificuldades de aliar-se às nossas ideias e nos ajudar a formatar um projeto melhor para nossa cidade e seu pleno desenvolvimento.

A política é composição. O senhor é um nome que historicamente é aberto a composição. Nesse sentido, tem muitas pessoas da política de Teófilo Otoni, saudosistas, que querem Edson Soares como candidato, que querem votar no Edson Soares. Nesse ínterim, podemos ter a certeza que teremos o Edson Soares cabeça de chapa na urna em 2020?

 

Não sou um cara turrão, bobo e estático. Sou um cara que penso dinamicamente. Se a realidade mostrar, como está mostrando hoje, que eu sou o nome mais viável para derrotar a concepção petista  de governar, eu me coloco pré-candidato a prefeito. Se a realidade mostrar que eu possa ser importante como apoiador, estarei a disposição da cidade. Mas, hoje eu sou pré-candidato não por vontade pessoal, mas por vontade e determinação partidária. O nosso partido quer inserir nas cidades de grande porte e médio porte,  nomes fortes para a disputa majoritária. E Teófilo Otoni é uma  destas cidades, município pelo qual  nós temos muito carinho.

Em meio a tantos candidatos ditos da nova geração da política, o senhor enquanto ex-

prefeito, ex-deputado federal, por que volta a cena se lançando pré-candidato a prefeito de Teófilo Otoni?

 

Me inscrevi em um partido chamado Partido dos Republicanos, partido novo, mas que cresceu muito, de conduta coletiva ilibada, tranquila, lisa, e que almeja se inserir na política institucional das grandes cidades de Minas Gerais, e uma delas é Teófilo Otoni. Depois, segundo a cúpula do partido, após pesquisar por meses, escolheram meu nome para ajudar a comandar a legenda em Teófilo Otoni e na região do Leste do estado, e quem sabe fazermos um prefeito nessa cidade. Depois, pessoalmente falando, a política não me deixa. Quando ela tenta me deixar, eu não deixo ela. É uma relação recíproca, entre Edson Soares e a atividade política. Eu gosto do meio, se bem que não vivo profissionalmente a política, mas quando político  vivi exclusivamente para esta atividade em termos de gestão pública. Sou um homem que a atividade política é coisa inerente ao meu espírito, a minha consciência, a minha condição intelectual, psicológica. Daí eu querer tentar entrar de novo na prefeitura para resgatar o nosso legado, sobretudo naquilo que foi destruído pelo tempo. Entendo que a gestão nova que virá, como todas as gestões que vieram e que virão, tem que ter planejamento, tem que definir o rumo que a cidade quer, tem que  buscar a condição que a cidade exercita, liderar a região que nós polarizarmos. Volto com vontade de ser prefeito de novo.

 

E quais são seus objetivos?

 

Resgatar os equipamentos e a atenção à saúde pública que o meu governo deu. Eu me lembro que implantei o  Pronto Socorro Municipal, uma clínica oftalmológica que dava testes de acuidade visual nas escolas, chegando a entregar de óculos gratuitos pela prefeitura. Implantamos ainda a Casa de Saúde da Mulher, tirando as mulheres de Teófilo Otoni daquelas viagens sofridas de ônibus para fazer prevenção de câncer de colo de útero e de mama em Belo Horizonte. Criamos um conjunto médico, que atendia as mulheres e faziam pequenas cirurgias, sobretudo as chamadas CAF’s (Cirurgia de Alta Frequência), criamos também na área da saúde uma clínica odontológica no modelo canadense, que atendia 60 tratamentos completos diariamente, e o excedente, aquilo que a Prefeitura não dava conta, contratamos em regime de pro labore 23 dentistas particulares para atender as pessoas, por conta do Município quando a nossa clínica não dava conta. Criamos, por fim na área da saúde, um trabalho imenso de prevenção junto aos PSFs. Nosso médico e enfermeira do PSF recebiam para trabalharem 8h por dia, ou no mínimo 6h corridas. Cada PSF cuidava em média de mil famílias, quatro mil pessoas. Isso  infelizmente foi degradado. Você passa a ouvir nas rádios pela manhã várias reclamações, presencia casos de sofrimento em alto grau na porta da UPA, sem atendimento.

Recentemente eu ouvi em uma das rádios, um cidadão que já tinha perdido três ou quatro dedos necrosados do pé, e vai perder o corpo todo se ele não for transferido para o hospital. Na nossa época, um legado que tenho orgulho de reafirmar, eu dizia nas rádios e pelos jornais que não era permitido ter filas nos postos de saúde, não era permitido ter filas nos hospitais, era uma expressão que demonstrava a nossa vontade e o simbolismo do nosso respeito pelo paciente que não podia enfrentar filas sofríveis. Por isso começamos a voltar a querer ser prefeito, pelo resgate do nosso legado. Criamos, é bom que se lembre e eu acho a ideia atualíssima,  moderna e nova,  10 mil vagas na rede pública municipal. Quando nós assumimos a prefeitura, e eu digo isso com convicção, e se for mentira não divulgue essa entrevista, tínhamos só uma escola pública municipal na cidade, o Sidônio Otoni, com quatrocentos alunos, num prédio velho, deteriorado e alugado da comunidade luterana. Nosso governo comprou o prédio, comprou aquela região que hoje é o SAMU e um galpão industrial, reformamos o colégio, ampliamos ele e abrimos mais 10 mil vagas na rede pública municipal, com a Escola do São Cristóvão, Teodolino Pereira, Escola do CAIC, Escola Maria Amália, que virou referência regional, as escolas que funcionavam no morro da Matinha, do Instituto, no Frei Dimas, em todo morro nós criávamos escola para meninos de até 06 anos  não ter que descer pelo centro da cidade, de não ocupar a mãe em levar para uma viagem longa, a pé. Nós levamos a escola até o aluno. Criamos uma escola para mais de mil na comunidade rural de Maravilha, outra em Brejão. Demos seiscentos novos empregos para professores formados, sendo que quando assumi era em torno de setecentos e setenta e oito, professores leigos que ficavam oito anos para ensinar o menino a decorar uma tabuada. Nós revolucionamos a educação,  revolucionamos a saúde pública e temos o legado que tem que ser resgatado, porque é novo falar em educação. Nenhum povo cresce com dor, você não conhece povo nenhum que se desenvolve doente, morfético, morrendo de dor, morrendo de disenteria, morrendo de diarreia, morrendo de câncer e  de outras doenças de veiculação hídrica, hipertensão, diabetes. Nenhum povo se desenvolveu no mundo como a Finlândia hoje, China, Japão, a Alemanha do pós guerra, sem investir profundamente na educação. Desafio quem acha que é velho falar em educação. Se falar vai ter que me provar qual país, qual continente, que se desenvolveu sem educar sua população. Por isso reafirmo, quero voltar para a prefeitura para resgatar essas políticas públicas.

 

Estas serão suas duas pautas principais, saúde e educação?

 

Evidentemente sem esquecer de fazer o que nós fizemos, as grandes obras de Teófilo Otoni. A emblemática obra da região da João XXIII, a emblemática obra de canalização do Córrego Santo Antônio no Bela Vista, as emblemáticas obras de canalização e outras no  Castro Pires, parte do Ipiranga e Vila Santa Clara, Palmeiras, o Corpo de Bombeiros de Teófilo Otoni, que também é uma obra que tenho orgulho imenso em reafirmar. Um trabalho delicadíssimo, pois vejo, a cada dia notícias do Corpo de Bombeiros salvando vidas, salvando patrimônio, protegendo as pessoas. E isso tudo faz parte do elenco de motivações que me fazem voltar a pleitear ser candidato, ser pré-candidato a prefeito da minha cidade.

Compartilhe :