
“Não adianta tentar apertar o Governo do Estado agora, assim como o Governo Federal. Não há como ter solução financeira antes dessa crise nacional ter um caminho”
TEÓFILO OTONI – O prefeito Getúlio Neiva (PMDB) compareceu no último domingo (1), à posse dos parlamentares da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Na ocasião, o chefe do executivo teófilo-otonense concedeu uma entrevista exclusiva a equipe do jornal DIÁRIO, que fazia a cobertura do evento. Neiva explanou sobre a relação com o Governo de Minas, agora comandando pelo PT de Fernando Pimentel, e a situação da Saúde na cidade. De forma direta, Getúlio expôs a situação real/atual do município. Otimista, o prefeito acredita que com o apoio do Estado e da União, e o cumprimento dos repasses de convênios feitos no último ano, a questão da Saúde, pode sim, ter uma reviravolta positiva. Caso contrário, se os compromissos não forem honrados, a cidade pólo do Mucuri entrará numa crise sem precedentes. Leia a seguir, o bate papo na integra com peemedebista.
DIÁRIO – Como o senhor avalia a nova composição política estadual e sua relação com o Vale do Mucuri, em especial, Teófilo Otoni?
GETÚLIO NEIVA – Nós estamos bem guardados, especialmente porque temos o deputado estadual Neilando Pimenta (PP), mas, sobretudo, porque quem ocupa a presidência da Assembléia é um amigo do coração, o Adalclever Lopes (PMDB), que não é só um companheiro de partido, mas também um irmão. Facilita a vida da gente e vai me ajudar a abrir portas no governo. A nossa preocupação hoje é muito mais regional. Teófilo Otoni não existirá se não houver tratamento diferenciado para a região nordeste de Minas Gerais. O primeiro contato que fiz com o governo foi justamente com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico para mostrar a necessidade de se implantar um projeto estruturador para a região. Não dá para continuar vivendo de esmola. Nós queremos ser alguma coisa importante para o Estado, não queremos ser um peso. Mostramos isso de forma clara, fomos até outros secretários, como o de Saúde, para mostrar a dificuldade dos seis hospitais fechados na região, a greve da UPA e a possibilidade de fechamento do Hospital Santa Rosália. Tudo isso foi colocado de forma clara, para mostrar ao governo que estamos aqui para dar suporte, ter um relacionamento institucional, mas fazendo as cobranças necessárias. Sabemos que este governo não terá um tostão para ajudar ninguém até abril. Somente após o mês de abril é que eles vão saber o que está acontecendo com a economia mineira, em conseqüência do que está acontecendo com a economia nacional. Não adianta ir com sede ao pote. Temos que nos preocupar com projetos estruturantes para a região inteira, não só com a cidade. A cidade agüenta, nós suportamos, se for necessário assumimos a UPA, e até o hospital (HSR), não deixaremos fechar, porém, isso não resolve o problema da região. A região precisa que Teófilo Otoni encaminhe soluções para ela. Nós somos cidade pólo e temos responsabilidade com os outros municípios.

Prefeito se mostrou preocupado com a situação da Saúde em Teófilo Otoni e região, mas acredita numa parceira com o governo estadual para sanar o problema, porém, somente a partir de abril
Já que falou no setor da Saúde, como está a situação entre a Prefeitura e o Hospital Santa Rosália – administrador da UPA?
O que devia não era da Prefeitura, eram repasses federal e estadual que foram complementados na última sexta (30/01). O problema do Hospital Santa Rosália especificamente é um problema de todos os hospitais brasileiros, de todas as santas casas, e de todos os hospitais filantrópicos. A falência generalizada em função de um subfinanciamento da Saúde. Os serviços prestados não são pagos de acordo com o gasto que é efetivado pelo hospital. É uma crise nacional. A gente vê essa solução um pouco difícil. Mas o Estado tem como suplementar isso. É isso que estamos fazendo com a Secretaria de Estado de Saúde, mostrar a responsabilidade regional de Teófilo Otoni, e sobretudo, pedir ajuda aos seis hospitais da região que precisam, o que aliviaria um pouco Teófilo Otoni. Estamos sobrecarregados. São 91 municípios que estão indo para lá (T. Otoni). A solução à vista é uma solução regionalizada. Não dá para ser apenas uma solução para Teófilo Otoni.
O que o hospital regional pode ajudar na crise da Saúde vivida no nordeste mineiro?
Acredito que depois de pronto nós teremos outra luta, que é como contratar as pessoas para o hospital regional funcionar. Como será essa contratação? Haverá concurso? Entendemos que se houver concurso vai ser difícil preencher. Com os salários do Estado, o médico ganha pouco mais de R$ 3 mil, então não vamos ter médicos. Vai ser muito difícil. Talvez a solução seja o funcionamento via consórcio, ou um trabalho regional, e esse consorcio assumir a administração do hospital regional com os recursos vinculados, acertados com o Governo do Estado. Se formos esperar a contratação via concurso público, esse hospital não funciona antes de 2020.

O que preocupa o prefeito da cidade pólo do nordeste mineiro, não é apenas o colapso atual da Saúde na região, mas um possível fechamento de toda estrutura hospitalar local, caso o problema não seja encarado de maneira conjunta e objetivando soluções coletivas
Durante o contato com o Governo do Estado, qual foi a sua impressão? Existe uma boa vontade com a região, ou seja, o senhor saiu otimista?
Sai otimista, porque tenho o pé no chão. Sei que não terá como arranjar recursos antes do mês de abril. Eu acho que até o mês de abril eles estão olhando como estão as contas. O Estado está devendo até conta de luz, água, telefone, e até acertar esses ponteiros, a gente tem que ter paciência. Não adianta tentar apertar o Governo do Estado agora, assim como o Governo Federal. Não há como ter solução financeira antes dessa crise nacional ter um caminho. O caminho da macroeconomia. Teófilo Otoni tem que ter paciência, assim como os outros municípios.
Sendo mais específico na questão da Saúde, houve alguma sinalização do Governo do Estado em ajudar Teófilo Otoni?
Nós temos um convênio de R$ 12 milhões com o Governo Federal que não foi repassado um só tostão, e temos um convênio com o governo do Estado de R$ 10 milhões, e o Estado repassou apenas R$ 500 mil. Se o Estado cumprir apenas o convênio já existente, dá para seguramos a questão da Saúde regional. Sem esse suporte mínimo mensal do repasse previsto de R$ 1,3 milhão, a região vai ter outro problema, que não é o fechamento dos pequenos hospitais, e sim o fechamento de toda a estrutura hospitalar da região. Temos uma margem de trabalho para fazer. Agüentamos um pouco mais, mas não podemos esperar muito tempo. Colocamos isso de forma clara. O que nós precisamos? Os recursos que estão retidos e que precisam ser encaminhados. A orientação que foi dada é que os recursos de custeio nos convênios serão realmente repassados. Se forem repassados, nós podemos suportar até abril, esperando o governo se acertar.