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Restaurante Irmã Zoé

Gente, Gente

“Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome.”
Caetano Veloso
Gente, Gente, vai dormir, gente. Porque amanhã é dia de branco e atrás também vem um
monte de gente.
Dia de branco? Me poupe! Amanhã é dia de quem quiser. De índio, de negro, de mulata, de
amarelo. Não me soe, com este despautério, menos inteligente.
Gente, Gente, a inserção do vocativo mais displicente leva-nos a uma reflexão totalmente
surpreendente. O vocábulo vai rimar com, praticamente, qualquer advérbio modal que
apareça repentinamente.
Ademais a tantas asneiras inocentes, Gente é o estado natural do ser humano vivente.
Somos Gente. Humanos, demasiadamente humanos. Induziu Nietzsche. Ao mesmo tempo
incríveis e falíveis; outrora, invisíveis. A última criação divina. Feitos com perfeição
devido à prática do criador. E, mesmo assim, às vezes, não tratados dignamente como
gente.
Gente é, ou; pelo menos deveria ser, a única preocupação pela qual deveríamos nos
preocupar verdadeiramente. Mas isso não acontece. O que acontece é que vínculos afetivos
vão se perdendo subitamente e aos poucos.
Gente, gente, vai dormir gente. Ou será, que como eu, por hoje, estariam vocês todos
ficando loucos…?

André Nascimento é escritor, músico, palestrante e professor
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