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Restaurante Irmã Zoé

“Gleichschaltung” (“adaptação” ao novo regime)

Não estamos isentos de cometer atrocidades. Theodor Ludwig Wiesengrund-Adorno, ou  simplesmente Theodor Adorno, filósofo, sociólogo,  musicólogo  e compositor alemão oriundo da escola de Frankfurt, ressalta que ¨ todo o ser humano é um fascista em potencial ¨, podemos perder a capacidade de pensar a dimensão de mundo que coabitamos. Sem direito a diálogo, passamos a ¨ entender ¨ o mundo sob um único ponto de vista, mas sem interlocutor não há diálogo. Tendo o homem uma potencialidade para o mal, o risco da prática fascista é a banalização do mal no cotidiano, ¨ um mal não de monstros, mas de homens comuns *

 

“Ich fürchte nicht die Rückkehr der Faschisten in der Maske der Faschisten, sondern die Rückkehr der Faschisten in der Maske der Demokraten.“ Theodor W. Adorno (angeblich)

“Não temo o retorno dos fascistas na máscara dos fascistas, mas o retorno dos fascistas sob o disfarce dos democratas.” Theodor W. Adorno (supostamente)

 

Em encontro de pensamentos, onde ¨ o mal praticado em regimes fascistas é o homem comum destituído de capacidade de pensar, ¨ Hannah Arendt,** filosofa alemã, apresenta uma semelhança de pensamento. Defendeu a luta contra os nacionais socialistas sendo contra a posição de muito intelectuais, também os de origem judaica que se aproximaram subestimando a ditadura e contra ao que foi definido como “Gleichschaltung” (“adaptação” ao novo regime) seguido por grande parte dos intelectuais da época.

¨Já em 1933, Arendt defendia a postura de que se devia lutar ativamente contra o nacional-socialismo. Essa posição foi contrária à de muitos intelectuais alemães, inclusive judeus, que pretendiam se aproximar do nacional-socialismo, subestimando a ditadura elogiando os novos donos do poder. Externou desprezo pela “Gleichschaltung” da maioria dos intelectuais, erudito de manada, oportunistas e entusiastas. ¨ Hoje, o amigo próximo, a tia, o colega da escola, do trabalho, transformando-se no Stazi mais próximo de você.

Os problemas que surgem pelo discurso do ódio e pela incapacidade de ouvir, por ambos os lados, nos leva a segregação e a culpar grupos abrindo espaço para regimes totalitários, banalizando o mal e o inferno existente em nós mesmos. Todo o cuidado é pouco, pois ¨A cadela do fascismo está sempre no cio ¨ segundo B. Brecht.***

Externar a besta existente dentro de nós não é tão difícil assim. Vejamos o que hoje temos em evidência e o que está por trás desta linguagem com características separatistas disfarçadas uma pseudo melhoria da estrutura, limpeza política e étnica, (nordestinos comedores de capim) que hora se apresentam pelo país, ou simplesmente por não concordarmos com uma ou outra postura sexista, religiosa (dentro de um estado laico), moralista, onde ultimamente facadas e peixeiradas, pauladas e cerceamento de ideias, tem sido a aproximação e expressão do homem.

¨ É preciso ressaltar a sua capacidade de ser diferente e romper com a ordem. É preciso ressaltar a nossa extrema facilidade em se adaptar e banalizar o mal, mesmo que, no fim das contas, todos sejamos afetados pela violência do totalitarismo, verdadeira tragédia do homem comum.¨ ¨*** Arquitetos da solução final já tivemos exemplos, Heirinch Himmler, Reinhard Heydrich, Adolf Eichmann… Hoje as formas de concentrações estão embutidas, empacotadas em modelos econômicos experimentais onde separatismo, guetos e favelas se confundem sob o interesse manipulador dos projetos políticos em andamento neste país em nova velha forma de campo de concentração, onde corremos o risco de continuar com ¨a banalização do mal. (Arendt)¨

 

* Theodor Ludwig Wiesengrund-Adorno – filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor alemão oriundo da escola de Frankfurt declarou no rádio em 1959 que não temia o retorno do fascismo como uma gangue de bandidos que instigam o povo, mas ele temia o retorno do fascismo como uma democracia “.

**Arendt (nascida Johanna Arendt; Linden, Alemanha, 14 de outubro de 1906 – Filósofa, defendia um conceito de “pluralismo” no âmbito político.

 

Por Arlindo Matias do Rêgo – T. Otoni, 10.10.2018

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