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Restaurante Irmã Zoé

Grupo de Handebol feminino da cidade treina com time masculino por falta de apoio

 

TEÓFILO OTONI – Um acidente de percurso na vida da então promissora atleta de handebol Jane Souza deu à luz ao projeto Sociedade Esportiva de Handebol Meninas de Ouro (Sehmo). A equipe foi montada com o intuito de tirar meninas das ruas da cidade, do uso de drogas e da vida ilícita, e também de receber garotas a fim de praticar algum tipo de esporte na cidade.

A história do projeto começou em 2009, após Jane encarar uma depressão. Em 2005 ela jogava na Seleção Mineira de Handebol, em Belo Horizonte, quando sofreu uma lesão na Copa Brasil de 2006, durante uma dura partida contra a Seleção de Osasco, de São Paulo. O jogo foi em Belo Horizonte. Na ocasião, Jane saiu da quadra para não voltar mais. “Entrei em uma profunda depressão após a cirurgia que corrigiu minha lesão. Em 2007 tive de colocar dois pinos no joelho direito, o que me impossibilitou de jogar”, conta a ex-atleta profissional.

 

Das ruas para as quadras

 

Dois anos depois, Jane resolveu montar um projeto social, para acolher meninas interessadas em uma prática esportiva, e que não tinham a oportunidade de realizarem seus sonhos. Além disso, ela buscava tirar meninas das ruas da cidade.

“Andando próximo a Escola Municipal Sidônio Otoni, presenciei algumas estudantes fumando e namorando na porta da escola. Vi essa situação em várias escolas da cidade. No outro dia voltei aos lugares e encontrei a mesma cena. Passei a conversar com elas, e as convidei para integrar em um projeto esportivo de Handebol. Elas se interessaram e no dia da reunião, marcada em uma tarde de domingo, mais precisamente no dia 07 de novembro de 2009, na Praça de Esportes, me deparei com 56 meninas. Fiz um círculo com elas, me sentei no meio e daí comecei, com uma bola, a treinar essas adolescentes. Com o tempo comecei a acompanhar mais de perto os alunos, conversando com os pais e até cobrando por bom desempenho escolar”, relembrou.

Com o tempo e perseverança, Jane conseguiu mais patrocínios, bolas, materiais esportivos, vestimentas, o que culminou em uma profissionalização e visibilidade do projeto. “O projeto cresceu muito. Começamos a participar de campeonatos importantes em Minas e até na Bahia. Isso exigiu um esforço financeiro e logístico muito grande da nossa parte, o que acabou por inviabilizar os treinamentos. Por isso, tivemos que parar o projeto por alguns anos, visto que não tínhamos apoio público e poucos patrocínios para o tamanho dos sonhos e responsabilidades que acabamos por nos envolver”.

Além das meninas, Jane também passou a treinar meninos na prática do handebol, o que encareceu ainda mais a logística do projeto, culminando em sua provisória parada.

 

Retomada

 

Após um período em reciclagem, o projeto Sehmo voltou com força em 2019. Com a entrada de um treinador, Thiago Farias, a iniciativa voltou a andar. Policial Militar, ele treina a equipe voluntariamente, composta atualmente por 20 meninas, entre ex e novas integrantes. Thiago cedeu o seu tempo de treino do time masculino adulto de Handebol de Teófilo Otoni, equipe que representa o município nos campeonatos regionais.

Realizados todas as terças e quintas, a partir das 20h na Praça de Esportes, os treinos de Farias são inusitados, tudo para que todos caibam nos treinamentos. “Por falta de horário treinamos com os rapazes, as vezes em jogos entre homens contra mulheres e até em formações mistas. Apesar de ser um treinamento mais duro, aprendemos bastante durante duas horas de confrontos”, garantiu Jane Souza.

 

Começando quente

 

Para recomeçar em alto nível, o Sehmo vai participar de um torneio em Araçuaí. O time  Meninas de Ouro de Handebol está inscrito na Copa Kiau Hand, que será realizado entre os dias 19 e 21 de julho, em Araçuaí. “Teremos que dormir e nos alimentar, custear transporte e motorista, além da inscrição de R$ 350. Precisamos levantar R$ 3.310 para garantirmos a participação de Teófilo Otoni na competição. Estou correndo para conseguir tudo, mas gostaria que quem pudesse auxiliar, nos procurasse pelo número (33) 9.8853-8644, e falar comigo. As meninas também estão querendo promover uma rifa para angariar fundos, tudo para que possamos voltar a todo vapor com nosso projeto”.

Apesar dos percalços e dificuldades, Jane conseguiu um importante patrocínio, firmado nesta quarta-feira (19). “Consegui um patrocínio na Academia XCore Funcional. O professor Arenilton vai instruir a equipe de handebol do nosso projeto. Ele fará um treinamento especial com as atletas, visando um melhor desempenho físico para o torneio. Esse é um ganho muito grande, que nos dará suporte para o condicionamento físico e a expectativa de conseguirmos uma estrutura completa para que as próximas competições e o andamento do projeto seja em alto nível”.

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