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Iepha inicia cadastro para registrar a cerâmica do Vale do Jequitinhonha

ALMENARA – O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) iniciou na última quinta-feira (14) o projeto “Arte em Barro: a Cerâmica do Vale do Jequitinhonha” durante a 1ª Feira de Artesanato de Almenara.

A ação tem por objetivo identificar e inventariar os saberes, técnicas e tradições relativas ao artesanato em barro na região do Vale do Jequitinhonha para seu reconhecimento como patrimônio cultural imaterial do estado de Minas Gerais.

A primeira etapa do projeto será a realização de um cadastro dos artesãos/ceramistas do Jequitinhonha por meio de um formulário disponível no portal do Iepha-MG – www.iepha.mg.gov.br.

Para a diretora de Proteção e Memória do Iepha-MG, Françoise Jean de Oliveira Souza, a região do Jequitinhonha possui uma produção cultural riquíssima sendo que a arte realizada a partir do barro é uma das mais expressivas e representativas da região.

“Além de contribuir para o aumento da renda e do desenvolvimento humano, o artesanato do Jequitinhonha, enquanto um ofício, predominantemente feminino, leva-nos a conhecer, por meio de suas formas e temáticas, a realidade cotidiana das mulheres do vale, marcada por muita luta e êxodos, mas também, por alegrias, beleza e muita sensibilidade”, relata a diretora.

Ao final, o estudo será apresentado ao Conselho Estadual de Patrimônio Cultural – Conep para solicitar o reconhecimento desse saber tradicional como patrimônio cultural de Minas Gerais.

 

Arte e tradição

 

A diversidade cultural encontrada em Minas Gerais é reflexo dos inúmeros grupos sociais que formaram o estado em diferentes períodos históricos. Indígenas, africanos, europeus contribuíram para compor a complexa rede de trocas simbólicas, comumente chamada de cultura mineira, que, de maneira geral, tem certas especificidades se comparadas com expressões de outras localidades.

Tal é o caso do chamado artesanato em barro feito na região do Vale do Jequitinhonha que tem como particularidade a apropriação de técnicas indígenas de modelagem, que desconhecem o uso do torno.

Atualmente inúmeros artesãos, em sua maioria, mulheres, espalhados por todo o Vale do Jequitinhonha, vivem da produção esculturas policromadas que representam animais, a paisagem, tipos humanos, seres imaginários e atividades cotidianas.

Combinando refinamento estético e autenticidade, a arte do Jequitinhonha vem obtendo reconhecimento nacional e internacional. A atividade também vem se mostrando uma possibilidade real de melhoria nas condições sociais do Jequitinhonha, já que que promove a permanência dos indivíduos na região, impedindo o êxodo e a fragmentação familiar.

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