Na madrugada do último sábado, 21 de dezembro de 2024, o Brasil acordou com mais uma tragédia anunciada. Um grave acidente na BR-116, na altura da comunidade rural da Lajinha, em Teófilo Otoni (MG), tirou a vida de 39 pessoas. Um ônibus que fazia o trajeto São Paulo–Bahia colidiu contra uma pedra de granito carregada por uma carreta. O ônibus pegou fogo na hora do impacto, carbonizando dezenas de passageiros. Um automóvel que vinha atrás ainda colidiu contra os destroços, ampliando o horror da cena. Tragédia. Uma palavra que parece pequena diante da dor de tantas famílias destruídas. Segundo informações da perícia, o motorista da carreta dirigia em excesso de velocidade e a carga estava acima do peso permitido. Mais uma vez, a negligência — somada à precariedade da via — foi o combustível para uma catástrofe. A BR-116, conhecida como uma das rodovias mais perigosas do país, segue sendo palco de mortes evitáveis. A estrada está sucateada, com curvas perigosas, asfalto deteriorado e tráfego intenso de veículos pesados. O trecho da Lajinha, especificamente, já é velho conhecido das estatísticas trágicas. Apenas alguns quilômetros dali, em janeiro de 2024, outro acidente envolvendo um ônibus de Novo Cruzeiro e um carro do Sul de Minas resultou na morte de oito pessoas. São dados que não podem mais ser ignorados. A pergunta que ecoa, mais uma vez, é: até quando? Até quando vamos tolerar a ausência de fiscalização rigorosa nas rodovias federais? Até quando caminhões com cargas acima do permitido continuarão circulando impunemente? Até quando famílias brasileiras vão perder seus entes queridos em viagens que deveriam ser de trabalho, lazer ou reencontro familiar?
A BR-116 precisa de atenção urgente. Não é mais aceitável que uma via tão estratégica para o transporte nacional esteja nessas condições. Além da estrutura deficiente, falta investimento, sinalização adequada, balanças de pesagem em funcionamento, monitoramento eletrônico e, sobretudo, vontade política. As autoridades — federais, estaduais e municipais — devem respostas imediatas à sociedade. Não podemos continuar enterrando vidas por conta do descaso. Cada cruz à beira da estrada é o reflexo de um país que ainda falha em proteger seus cidadãos nos deslocamentos mais básicos. Não se trata apenas de asfalto. Trata-se de respeito à vida.
Por Vinícius Rêgo Pessoa
Jornalista – JP 11432/MG