
Segundo denúncias, hospital Santa Rosália não paga, há cinco meses, salário dos médicos e profissionais da UPA continuam em greve por tempo indeterminado
Atrasos salariais, diminuição de profissionais nos turnos (principalmente à noite), estão entre as principais reclamações da classe médica, que culpa a administração do hospital Santa Rosália. Na Prefeitura já se fala na retomada da gestão da UPA
TEÓFILO OTONI – Deflagrada há pelo menos dois meses, a greve dos médicos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) continua, e segue por tempo indeterminado. Procurado pelo DIÁRIO no início da manifestação, o delegado regional do Conselho Regional de Medicina, César Henrique Khoury, já havia confirmado o atraso salarial dos médicos da unidade e a diminuição dos profissionais em turnos de trabalho. Khoury, também conselheiro do CRM/MG, informou que os médicos reivindicam (ainda hoje) salários em dia, e ainda, que os profissionais reclamam que o número de médicos à disposição é insuficiente para a demanda da UPA. Segundo ele, a insatisfação dos médicos é imensurável. Tanto que no início da paralisação, o delegado regional do CRM havia recebido um abaixo assinado. Dos 35 plantonistas, 33 assinaram a petição, apenas dois ficaram de fora, pois não estavam na cidade.
De acordo com os profissionais que atuam na UPA, a priori, no turno da noite, que deveria ser composto por seis médicos, teriam apenas três, número insuficiente para o atendimento da população, como informado pelos próprios médicos.
Parte da Prefeitura
Já a Prefeitura de Teófilo Otoni informou que, por sua vez, repassou recursos da ordem de R$ 44,3 milhões em pagamento referente aos serviços prestados pelo Hospital Santa Rosália e pela UPA. Segundo a administração municipal, ainda em 2013 o repasse do município foi de pouco mais de R$ 34,2 milhões ao Hospital Santa Rosália. Ou seja, um acréscimo de cerca de R$ 10 milhões em um intervalo de 12 meses.
Caos na Saúde
Em conversa com o prefeito Getúlio Neiva (PMDB), o mesmo afirmou que a situação da Saúde no país é grave, sobretudo, no Vale do Mucuri, em especial Teófilo Otoni. Neiva ratificou que apesar do montante vultoso repassado ao Hospital Santa Rosália, como os R$ 44 milhões investidos em 2014, Teófilo Otoni vem acolhendo mais de 90 municpios da região, e o Santa Rosália, por sua vez, tem se sacrificado no atendimento de pacientes dos vales Mucuri, Jequitinhonha, São Mateus, sul da Bahia, entre outras praças.
Para tentar evitar o caos no município, e uma possivel eclosão nas unidades de saúde do município, Getúlio Neiva determinou que o Hospital Municipal Dr. Raimundo Gobira e o Hospital Bom Samaritano, só atendam, a partir deste mês de janeiro, os 16 municipios contratualizados com a Prefeittura que compõe a microrregião.
Impasse continua
Durante esta semana, promotoria pública, prefeitura, médicos e a administração do Santa Rosália tentaram equacionar a situação. Por meio do secretário municipal de Saúde, Fernando Barbosa, respaldado pelo chefe do executivo, a Prefeitura apresentou algumas propostas aos profissionais de saúde, para que os mesmos cessem a paralisação. Segundo o secretário, a administração pública não descartou a retomada do controle da UPA. Aliás, a medida é tida como uma das mais viáveis nos últimos dias. “O município não descartou essa possibilidade. Mas, a Prefeitura precisa de pelo menos 40 dias, ou seja, até meados de março, início de maio, para assumir a administração da UPA”, afirmou.
A expectativa é que novas reuniões aconteçam nos próximos dias, mas ao que tudo indica o imbróglio continua. Até lá, médicos e administração da UPA (Associação Hospital Santa Rosália), manterão a ‘queda de braço’.