Nordestinos são taxativamente criticados. “Engraçado é que na perspectiva nacional, as regiões nordeste e norte de Minas, onde T. Otoni e está localizada, são computadas como parte do nordeste brasileiro, não à toa estão integradas à Sudene”, comentou um internauta apaziguador. Vale salientar também, em análise aos números das urnas e da população nacional, que tanto Dilma quanto Aécio com seus poucos mais de 50 milhões de votos, são metade da metade dos 200 milhões de brasileiros
TEÓFILO OTONI – As eleições deste ano foram marcadas por intensa ‘troca de farpas’ entre eleitores petistas e tucanos. O clima das ruas foi levado ao ápice nas redes sociais. Críticas das mais diversas, ora sorrateiras, por vezes fundamentadas, foram ‘viralizadas’ desde o mês de julho, com intensidade maior a partir de meados de agosto. Em casos aos montes, amigos, velhos conhecidos, e até parentes se deixaram contagiar pelo lado obscuro da eleição e declararam guerra uns com os outros. Os meios de comunicação buscam potencializar o clima tranqüilizador, com dados, comentários e artigos que desfiguram um Brasil dividido em dois. Porém, ainda são constantes as postagens relativas a um suposto inconformismo com o lado vitorioso do pleito. Até mesmo artistas, políticos, intelectuais e autoridades judiciais entraram na panacéia pró-inconformista.
Teorias conspiratórias
Brasil dividido em norte e sul, dependentes de programas sociais, ‘eleitores pegos pela barriga’, fuga de capitais para o exterior, corrente migratória para os Estados Unidos e Europa, fraude na votação, urnas adulteradas, impeachment, são alguns dos assuntos mais abordados por usuários, muitos dos quais acreditam numa virada após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sacramentar o resultado da corrida presidencial.
Pseudônimo: Guerra civil brasileira?
A mais comentada destas aliterações discursivas é a suposta formação ideológica oposicionista entre os estados do nordeste e os da região centro-sul brasileira, uma apoteose que sucumbe o Brasil, em termos comparativos, ao retalho histórico da Guerra Civil americana – a Secessão. Nesta, os estados confederados (sulistas) entraram em desacordo com a parte setentrional dos EUA, batizados de A União. Beligerância pelo fato do sul não querer abolir o abolicionismo escravagista da população negra residente no país.
Acontece que, no Brasil, essa realidade de opiniões entre estados do norte e meridionais é ilusória, como bem pontuou o colunista Jânio de Freitas no artigo “Conta de Dividir”, publicada nesta terça-feira (28) na UOL. Ele destaca que tanto Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) tiveram cerca de ¼ dos votos da população brasileira (54,5 milhões, ou 51,64% para a primeira, e 51 milhões, ou 48,36% para o segundo). O total de votantes em ambas as siglas é 105,5 milhões de votos, porém o Brasil possui 200 milhões de habitantes, ou seja, metade não opinou, o que dificulta cravar que há divisão dentro da nação como um todo. Também entra neste cálculo o fato de que mais de 30 milhões se abstiveram, 5,21 milhões anularam o voto e mais de 2 milhões o deixaram em branco. 37,21 milhões de brasileiros não queriam A ou B. Trocando em miúdos, cada um é metade da metade dos brasileiros.
Para o jornalista, um dos mais respeitados do país, o que sobra é desinformação e dor de cotovelo. O discurso da unicidade, agora, é bem mais importante.