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Moradora da região sul expõe fotos de tiros que atingiram sua residência

violencia-2População dos bairros Manoel Pimenta e Teófilo Rocha vive um verdadeiro martírio devido à violência entre as quadrilhas que comandam os morros do Eucalipto e Cemitério. Trocas de tiros tem se tornado uma triste rotina dos habitantes locais

TEÓFILO OTONI – Uma moradora do bairro Manoel Pimenta, região sul da cidade, expôs por meio das redes sociais, fotos de tiros trocados entre facções que disputam a hegemonia da criminalidade na região, e que atingiram sua residência. Segundo ela, alguns dos disparos estilhaçaram parte dos vidros das janelas, e outros acertaram as paredes da casa onde mora. Ainda de acordo com a moradora, que teve o nome e a imagem preservada pela reportagem, é cada vez mais constante os tiroteios na localidade. O temor maior dela é uma bala perdidas acertarem alguém.

Recentemente, os grupos tem se confrontado também pela internet. Vídeos intimidadores com ameaças mútuas são gravados e enviados aos rivais e/ou espalhados pela rede, a fim de marcar território e demonstrar força, já que há a exposição de armas e a filmagem de ‘invasões’ [pela madrugada] em áreas dominadas pelos opositores. O conflito também tem chegado a perfis falsos (ou não) nas redes sociais, com juras de morte e perseguição.

 

violencia-1Moradores sob fogo cruzado

Ouvidos pela reportagem, alguns habitantes desta área da zona sul de Teófilo Otoni, que compreende, não só, mas, sobretudo, os bairros Teófilo Rocha e Manoel Pimenta, as trocas de tiros entre traficantes do Morro do Cemitério e Morro do Eucalipto vem acontecendo diuturnamente. Tanto é que a Avenida João XXIII, que separa os dois aglomerados, recebeu dos seus moradores o apelido pejorativo de “Faixa de Gaza”, em alusão à conflitante região do Oriente Médio que separa judeus e palestinos, povos que vivem há vários anos constantes e sangrentos atritos de guerra.

Comparação, infelizmente, não tão inverídica face à realidade destas duas comunidades teófilo-otonenses. No dia 12 de junho do ano passado, por exemplo, uma senhora de 62 anos de idade morreu após ter sido atingida por uma bala perdida quando tentava acessar a João XXIII pela Travessa 68. Outros casos similares de balas perdidas nesta região podem ser citadas às dezenas. Um posto da Polícia Militar chegou a ser instalado na confluência das duas comunidades, mesmo assim não tem sido suficiente para frear a ousadia dos criminosos.

 

Guerra dos mundos

 

O Morro do Eucalipto (Manoel Pimenta) e o Morro do Cemitério (Teófilo Rocha) vivem, há cerca de 10 anos, uma intensa rixa entre seus traficantes, que acabou se espalhando por todos os pontos de venda de drogas da cidade. O período é discutível, mas moradores das duas localidades falam que ela teve início em 2006, quando as gangues dos dois locais ainda eram aliadas, e acabaram se desentendo após traficantes do Eucalipto assassinarem a tiros um jovem do Morro do Cemitério no início da Rua 52, localizada nesta localidade. O crime teria ocorrido durante o dia. Após o desentendimento, os ‘eucalipanos’ (como são vulgarmente chamados os criminosos do Eucalipto) ‘declararam independência’ da facção criminosa que domina a distribuição e a venda de drogas em Teófilo Otoni, passando de aliados a arqui-rivais.

Deste tempo para cá, os tiroteios, tentativas de homicídio e assassinatos tem se mostrado um desafio para os órgãos de segurança pública, tanto na região sul, visto a proximidade das duas comunidades e a ousadia e insistência dos criminosos, como em qualquer área da cidade, nesta guerra que já levou dezenas de pessoas à morte, principalmente jovens negros de baixa escolaridade e em estado de vulnerabilidade social.

 

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