O cenário instável das próximas eleições com a condenação do ex-presidente Lula, tornou ainda mais difícil qualquer previsão sobre o resultado das eleições presidenciais. Porém nas salas acarpetadas das pesquisas qualitativas, nos elegantes escritórios da diretoria dos grandes bancos em São Paulo. Um vetor vai se confirmando, o deputado Jair Bolsonaro deve estar no 2º turno. Quando, para o horror de PSDB, PT e PMDB, ele terá o mesmo tempo de televisão que seu adversário.
Não se trata de palpite mas de fatos que me levam a essa suposição. Estamos num ano eleitoral, há pouco mais de 7 meses das eleições e toda a grande imprensa ignora olimpicamente o primeiro colocado nas pesquisas. Em qual pesquisa Bolsonaro aparece em primeiro ? Em todas; Ibope, Instituto Paraná, IPSUS e no, sempre parcial, Datafolha .
A última foi do instituto Paraná que mostra, pasmem, Bolsonaro a frente de Geraldo Alckmin em pleno estado de São Paulo. Para nossos leitores do Vale do Mucuri, Alckmin não é apenas o governador de São Paulo. Alckmin ocupa cargo eletivo no executivo paulista desde 1994 .Isso mesmo, há 24 anos Geraldo está no poder em SP com um pequeno interregno, como diria o prof. Marco A. Villa, de 4 anos quando Serra ocupou o governo, ainda assim Alckmin foi secretário estadual.
É quase impossível calcular o espaço que Alckmin teve na mídia paulista nesse período disputando e vencendo seis eleições para o governo e uma para a presidência em 2006 quando foi derrotado por Lula no cômputo geral . Mesmo assim o tucano ainda conseguiu vencer o petista dentro do estado de SP.
Em 2014 o Senador Aécio só não foi massacrado pela ex presidente Dilma Roussef porque o governador Alckmin conseguiu lhe transferir 15 milhões de votos, quase o dobro da petista que teve apenas 8 milhões. Isso depois da constrangedora derrota de Aécio aqui nas Minas Gerais.
Aí um deputado ‘carioca’, do baixo clero aparece nas pesquisas à frente da oligarquia tucana que controla o maior colégio eleitoral da federação há um quarto de século e isso não é notícia ?
Depois de 30 anos trabalhando com marketing político, tive que observar, constrangido, o octogenário FHC dizer que “seria melhor que Lula fosse julgado pelas urnas” ! ?! Passando um pano, como diriam os adolescentes, para Lula, comandante do maior esquema de corrupção da história – só da Petrobras foram desviados R$ 40 bilhões. O equivalente a mais de cinco séculos do orçamento da prefeitura de Teófilo Otoni
E porque um deputado filiado a um partido nanico, o PSL, aterroriza os gigantes das comunicações, os grandes partidos e o establishment em geral. Um dos poucos homens públicos que amealha fãs com a mesma facilidade, seja no interior do Paraná, num aeroporto em Dubai ou numa estação de metrô em Tóquio. Um político que seu nome gritado ora nas redes sociais, ora no Octagon do UFC – maior evento de MMA do mundo – de Fortaleza a Roterdã, Holanda .Esse é o enigma que a elite brasileira não consegue entender.
É esse tsunami virtual que se aproxima da vida real em outubro desse ano. Se você ainda não entendeu, esse é o ‘Fator Bolsonaro’.
Eduardo Negrão é consultor político e jornalista, trabalhou em campanhas em SP, RJ, RS e Minas Gerais. Escritor, seu livro mais recente é Terrorismo Global, pela Scortecci Editorial.