A vida anda difícil.
Os preços subindo cada vez mais, o salário valendo cada vez menos, o emprego mais difícil, não tá fácil pra ninguém.
O diesel e a gasolina nas alturas, vida difícil pra todo mundo, greve, escassez de combustível, uma enxurrada de notícias falsas nos grupos de whatsapp de todo mundo.
As pessoas com medo, as pessoas desesperadas.
Todo mundo se perguntando onde o país vai parar, o que é que a gente pode fazer, procurando uma proposta que traga um pouquinho de paz pra gente.
Algumas pessoas ficam tão desesperadas, que chegam a acreditar em loucuras como uma intervenção militar. Outras preferem se apegar ao dilema dos impostos, pedindo pra cortar o imposto do diesel, sem conseguir explicar como que a gente mantém o que resta dos nossos hospitais, escolas e delegacias sem o dinheiro.
A verdade é que muita gente nos promete soluções rápidas e fáceis, quando a vida e a história mostram pra gente que milagre não acontece assim e quando a esmola é demais o santo desconfia.
Eu sei que a revolta é grande, também tenho a minha empresa, acordo cedo todos os dias pra trabalhar e estou sentindo na pele. E eu sei que a vontade é de sair na rua, contra tudo e contra todos, pra mudar tudo isso que tá aí.
O problema é que se a gente vai sem saber muito bem do que é que a gente está reclamando fica muito fácil de passarem a perna na gente, com conversa mole e mesóclises bonitas, como o Sr. Temer fez.
Eu sei que tem muita coisa pra ser mudada nesse país, mas se a gente não souber pontinho por pontinho como é essa mudança que a gente quer corre o risco de outras pessoas mudarem pra gente, do jeito que eles acharem que é melhor.
Quem aceita qualquer mudança pode acabar mudando pra pior. A gente tem de saber muito bem qual mudança a gente quer e só com o conhecimento a gente chega lá.
E já que o assunto é conhecimento, você sabe como funciona o preço do combustível?
Será que a única coisa que encarece é o imposto?
Porque é que depois que o Temer entrou no governo a gasolina começou a subir tanto se o imposto já existia antes?
Quando tiraram a Dilma, uma das primeiras providencias do novo governo foi mudar radicalmente a política de preços da Petrobrás. O Temer escolheu o Pedro Parente, do PSDB, pra ser o novo presidente da empresa e uma das primeiras medidas dele foi a de vincular o preço do nosso combustível ao preço do petróleo internacional, que varia todos os dias.
Nos governos anteriores a Petrobrás sempre cumpriu o seu papel de empresa estratégica, de patrimônio do povo brasileiro e absorvia as variações do mercado, mantendo o preço estável pros consumidores. Depois que o Pedro Parente entrou no comando ele passou a gerir a empresa pra dar lucro pros acionistas, acima dos interesses da população, e a precarizar os serviços da petroleira, pra facilitar a pauta das privatizações.
O Brasil tem uma das maiores empresas do ramo de petróleo no mundo, referência mundial, profissionais qualificados, tecnologia de ponta e mesmo assim nossas refinarias de petróleo funcionaram só com 70% da capacidade no ano passado.
Na gestão do Pedro Parente, além do preço do combustível vinculado as variações do dólar e do mercado internacional, a Petrobrás, que tem refinarias e funcionários aqui no Brasil mesmo, tem mandado petróleo bruto pro exterior, pra depois comprar ele de volta refinado, mais caro, com os gringos ficando com o lucro do processo e a gente pagando a
conta aqui do nosso bolso.
Temos capacidade para sermos praticamente autossuficientes na nossa produção de combustíveis e o nosso governo golpista prefere nos manter sempre colonizados. A Petrobrás é uma empresa estatal, é do povo e para o povo e está sendo sequestrada pela gestão do Sr. Pedro Parente, amiguinho de Temer e sua corja.
O Pedro Parente, que é o mesmo que estava no Ministério das Minas e Energia no governo do Fernando Henrique e foi o responsável pelos apagões e pelo racionamento de energia que o país passou lá em 2001. Agora foi escolhido pra presidir a nossa maior estatal, uma empresa que é uma conquista do povo brasileiro.
Os petroleiros, que são quem trabalhar na produção dos nossos combustíveis, vão entrar em greve essa semana. Eles pedem a diminuição dos preços dos combustíveis, a queda do Pedro Parente e o fortalecimento e proteção da Petrobrás, como uma empresa brasileira, uma empresa do povo.
O povo pede socorro, os caminhoneiros pedem socorro e os funcionários da nossa indústria do petróleo também.
E a gente tem de saber muito bem como é que a gente faz pra mudar, senão o governo promete só que vai cortar uns impostos, depois não tem dinheiro pra pagar os remédios dos hospitais, os salários dos professores ou os equipamentos dos policiais e a gente não sabe porque.
Toda a força aos trabalhadores.
Toda a força ao povo.
Fora Pedro Parente!
Paulo Aranã é ex-estudante de Publicidade e Cinema, administrador de empresas e produtor rural