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Professora do IFNMG palestrou no Congresso Latino-Americano de Agroecologia

 

TEÓFILO OTONI – O painel “Manejo da biodiversidade local para a conservação do controle biológico e insetos benéficos na agricultura” realizado no Congresso de Agroecologia 2017 apresentou iniciativas de sucesso realizadas em diferentes regiões brasileiras para controle de pragas agrícolas baseadas exclusivamente no uso de práticas agroecológicas. Como base comum, todas preconizam a heterogeneidade de cultivos com um diferencial: utilizam os componentes da biodiversidade, no caso inimigos naturais das pragas, de forma racional e sustentável. O painel, moderado pelo pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Edison Sujii, contou com a participação das pesquisadoras Madelaine Venzon (Epamig); Alessandra Silva (Embrapa Agrobiologia) e Maíra Rezende (Instituto Federal do Norte de Minas Gerais – Campus Teófilo Otoni), além do pesquisador Pedro Togni (UnB).

Professora do IFNMG campus Teófilo Otoni, Maíra Rezende, Pedro Togni, Madelaine Venzon e Alessandra Silva (Foto crédito: Fernanda Diniz)

Um dos pontos que diferencia a agroecologia da produção orgânica é a diversidade de cultivos nas propriedades. Na produção orgânica, assim como na agricultura convencional, predominam os monocultivos, só que ao invés de produtos químicos, são utilizados inseticidas biológicos. Já a agroecologia é calcada no consórcio de culturas agrícolas, o que favorece a proliferação de inimigos naturais específicos dos ecossistemas com potencial para controlar as pragas agrícolas.

Nesse modelo, chamado de controle biológico conservativo, os cientistas buscam formas de otimizar a capacidade natural desses organismos para que sejam mais efetivos no controle das pragas. É a biodiversidade funcional a serviço de práticas agrícolas mais sustentáveis.

Mas, muitas vezes, isso não é possível e os agricultores têm que recorrer ao controle biológico aplicado, que prevê a introdução de inimigos naturais não pertencentes àquele ecossistema. Todos os casos apresentados no painel são exemplos de sucesso do controle biológico conservativo.

 

Biodiversidade funcional em prol do controle biológico conservativo

 

A pesquisadora da Epamig Madelaine Venzon apresentou o trabalho que vem sendo realizado na Fazenda Experimental da Empresa em Minas Gerais para controle biológico de pragas da pimenta, como o ácaro branco e o pulgão. Ela destacou os bons resultados obtidos com o uso de plantas espontâneas para incrementar a população de inimigos naturais dessas pragas, entre os quais estão joaninhas, que chegam a atingir um índice de 76% na mortalidade do ácaro, associadas a aranhas e outros insetos. O objetivo é manter os predadores naturais vivos mesmo na ausência das presas (pragas).

Essa também é a motivação da pesquisadora da Embrapa Agrobiologia Alessandra Silva. Ela estuda formas de utilizar a biodiversidade local em prol da conservação dos agentes naturais de controle biológico. Na Fazendinha Agroecológica da Unidade em Seroédica, RJ, Alessandra e sua equipe investem em métodos para fornecer subsídios à sobrevivência dos inimigos naturais, como: abrigo, condições de acasalamento. Pólen,

néctar e oviposição.

Os estudos conduzidos na Embrapa Agrobiologia mostraram que vários tipos de plantas apresentam potencial de uso na diversificação funcional. Entre essas, destacam-se: ornamentais, aromáticas, adubos verdes, espontâneas, forrageiras e cultivadas.

A pesquisadora do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais – Campus Teófilo Otoni apresentou as pesquisas que vem realizando para com árvores de Ingá no controle de pragas do café, como a broca e o bicho mineiro na Zona da Mata. O trabalho, desenvolvido em parceria com pequenos agricultores do Núcleo Mucuri de Agroecologia no Vale do Mucuri, proporciona troca de saberes e mostra que o Ingá pode aumentar o controle natural de pragas, além de beneficiar a produção do café. “É a agrobiodiversidade funcional em ação”, destacou Maíra.

O último palestrante, Pedro Togni da Universidade de Brasília (UnB) falou sobre o projeto desenvolvido em parceria com a Emater-DF e a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia em 2008 para apoiar agricultores familiares do Distrito Federal na transição agroecológica de suas propriedades agrícolas. Essa concepção de desenvolvimento baseada na sustentabilidade é feita de forma participativa com os agricultores através de modelos tecnológicos menos agressivos ao meio ambiente visando à produção de alimentos limpos.

Cerca de 150 produtores rurais participam desse projeto. Togni apresentou o exemplo de uma propriedade rural que foi redesenhada para se adequar ao modelo agroecológico. Segundo ele, o consórcio entre cultivos de tomate e coentro proporcionou bons resultado no controle da mosca branca, que é uma das piores pragas do tomate e de outras culturas porque além de prejudicar diretamente as plantas, é também vetor de doenças. Aliado ao bom desempenho no controle biológico, o coentro ainda pode ser vendido, o que significa outra fonte de renda para o agricultor.

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