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Servidores da segurança pública ameaçam entrar em greve

 

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Reunidos em audiência pública na ALMG, representantes da categoria marcaram assembléia para o dia 8 de novembro

TEÓFILO OTONI – Líderes de todas as entidades representativas dos servidores da segurança pública de Minas Gerais marcaram para o dia 8 de novembro, às 14h, uma assembléia geral para definir ações de pressão ao Governo do Estado. Eles querem o retorno do pagamento dos salários para o quinto dia útil, a definição de reajuste para a categoria e a garantia da quitação do 13º em dia.

 

A medida foi aprovada em audiência pública realizada na última quarta-feira (19), no Plenário da Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), pela Comissão de Segurança Pública. Nenhum representante do governo compareceu à reunião.

A data também foi escolhida por outras categorias do serviço público estadual para uma paralisação geral com base nas mesmas reivindicações, segundo informou o presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil (Sindepominas), Marco Antonio de Paula Assis.

O presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PDT), que também é autor do requerimento para a audiência, reclamou das dificuldades financeiras que os policiais têm enfrentado em função dos atrasos e do parcelamento dos salários. Afirmou, ainda, que a data-base dos servidores é 1º de outubro, mas não houve nenhuma atitude do governo para decidir a recomposição das perdas. “Estamos há quase dois anos sem revisão salarial”, afirmou.

 

 

O deputado Sargento Rodrigues conclamou os participantes que lotaram o Plenário e as galerias a participarem de manifestações para exigir uma resposta do governador Fernando Pimentel.

“É preciso a união de todas as forças de segurança pública”, destacou, ao considerar a audiência pública “o último alerta” para Pimentel.

“A luta sindical não faz sentido se ficar só no gabinete, só no ‘zap-zap’”, provocou o presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol), Denilson Martins, que também defendeu a greve da categoria.

O delegado Marco Antonio Assis também defendeu mais pressão sobre o governador. “Convoco todos os delegados e toda a categoria a se fazerem presentes em todas as manifestações daqui para a frente”.

 

Militares temem retrocesso

 

Os presidentes da Associação dos Militares Estaduais Mineiros (Amem), tenente-coronel Norberto Rômulo Russo, e do Centro Social dos Cabos e Soldados, cabo Álvaro Rodrigues Coelho, compararam a situação atual da categoria com o que chamaram de “época pré-97”, referindo-se ao movimento grevista dos praças da PM realizado em 1997.

Ambos disseram não desejar retornar àquele período, no qual os policiais tinham baixos salários. O cabo lembrou que muitos dependiam de cestas básicas doadas por instituições da categoria. “Esse tempo acabou. É preciso parar as atividades dentro dos quartéis”, reforçou o tenente-coronel.

 

O diretor do Sindicato dos Escrivães de Polícia (Sindep-MG), Paulo Fernando Silveira Ribeiro, também foi incisivo nas críticas ao Governo do Estado. “Governo que não se interessa pela segurança e que não se interessa pela sociedade, não governa”, afirmou.

Em tom ameaçador, o delegado Marco Antonio de Paula Assis afirmou que a Polícia Civil não é lugar para covardes. “Temos que ser valentes com todos que cometem crime, mesmo que seja o governador”, falou. Para ele, Pimentel comete crime ao não assumir com responsabilidade a condução da segurança pública no Estado.

 

APNM participa efetivamente e discurso emociona o público

 

O presidente da Associação dos Praças do Interior de Minas Gerais (APNM), Cabo Nathan Rodrigues emocionou o público:”É muito importante a participação de todos nós em mobilizações como esta, saímos do interior, a APNM que conta aproximadamente com 1800 associados em várias cidades do Estado, uma associação forte, combativa e que também quer ser chamada para as discussões e negociações. Estamos cansados de discurso bonito e cerimônias, precisamos de ações e se necessário for que pare o Estado de Minas Gerais e todos os profissionais de segurança pública. Não bastasse tudo isso, muitos sabem o que estamos passando em Teófilo Otoni e eu vou frisar o que eu disse outrora: A APNM não está ao lado do governo tampouco desta comissão e sim dos profissionais de segurança pública. Porque enquanto PM está tomando tiro de fuzil, quartel sendo cercado no interior pra banco ser explodido, eles estão no conforto do ar condicionado dos seus gabinetes. Enquanto isso a criminalidade só aumenta, morrendo gente em praça pública e policial militar sendo acuado na sua residência, mas o comandante do 19º Batalhão parafraseou Wesley Safadão dizendo em um áudio que é apenas muito gelo para pouco whisky. Se precisar de nós do interior estamos aqui, vamos lutar e estamos juntos”, afirmou.

 

Deputado critica uso de recursos públicos

 

O deputado Sargento Rodrigues criticou a gestão dos recursos públicos pelo governador. Ele estranhou que Pimentel justifique falta de verbas para investir na segurança pública, enquanto gasta com viagens e publicidade. Segundo o parlamentar, apenas neste ano, o governo gastou quase R$ 1 milhão em fretamento de aviões.

O parlamentar relatou que, além dos salários, o governo também tem atrasado o pagamento de diárias, ajudas de custo e até férias-prêmio para os servidores da segurança pública. Reclamou, ainda, que foram reduzidos os investimentos no setor. “Se diminui o investimento em segurança, reduz-se a capacidade de resposta das polícias”, advertiu.

 

O presidente do Sindicato dos Peritos Criminais (Sindpecri-MG), Wilton Ribeiro de Sales, afirmou que as viaturas estão sucateadas e os policiais passando por dificuldades com os atrasos. Já o presidente do Sindicato dos Delegados, Marco Antonio Assis, disse não aceitar mais a desculpa da “herança maldita” usada pelo governador em relação à gestão anterior. “A fatura vai chegar e não vai demorar”, alertou.

 

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