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Solução para o semiárido

José Otoni Alves Campos, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Araçuaí, apresenta plantação de palma forrageira
José Otoni Alves Campos, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Araçuaí, apresenta plantação de palma forrageira

Para apresentar essa alternativa aos pecuaristas mineiros, o Sindicato dos Produtores Rurais de Araçuaí (Siproara) promoverá entre 9 e 10 de junho um simpósio sobre a palma forrageira, com a participação do engenheiro agrônomo Paulo Suassuna

ARAÇUAÍ – “Minas são muitas”, sentenciou Guimarães Rosa. E são mesmo. A diversidade é tanta que algumas regiões do estado necessitam de soluções totalmente distintas das demais. Uma delas é a de clima semiárido. Considerada uma porção nordestina no Sudeste, essa região marcada pela caatinga tem duas estações definidas: uma chuvosa, que dura cerca de três meses, e outra totalmente seca, que predomina o resto do ano.

Nos 85 municípios inseridos nessa área (Vales do Mucuri, Jequitinhonha e Norte de Minas), é da rotina dos produtores lutar contra os efeitos da seca, e este ano não será diferente. A estiagem consumiu pastagens, lavouras e parte do rebanho; o milho está caro.

Diante de tantas dificuldades, nada mais lógico do que procurar em lugares que enfrentam os mesmos desafios formas de superá-los. Uma das alternativas adotadas no semiárido nordestino é a palma forrageira – um cacto originário da América Central, que tem 75% da proteína bruta fornecida pela silagem de milho.

Fonte tanto de alimento quanto de água para o gado e para humanos, é altamente resistente à seca. Seu uso é recomendado como complemento alimentar, compondo entre 40% e 50% do volumoso.

A palma forrageira é velha conhecida da população do semiárido, mas comumente é plantada nas piores faixas de terra da propriedade, sem receber muita atenção. Porém, cultivada com as técnicas corretas pode alcançar boa produtividade e ser excelente recurso para controle da erosão em terrenos declivosos.

Para apresentar essa alternativa aos pecuaristas mineiros o Sindicato dos Produtores Rurais de Araçuaí (Siproara) promoverá entre 9 e 10 de junho um simpósio sobre a palma forrageira, com a participação do engenheiro agrônomo Paulo Suassuna. Especialista na cactácea, ele desenvolveu a tecnologia de cultivo intensivo da palma aplicada em pequenas propriedades rurais.

O evento, que será realizado em parceria com o Sistema FAEMG, Sebrae e a prefeitura municipal, pretende apresentar técnicas de cultivo intensivo e aplicações práticas da planta, bem como maquinário para facilitar o manejo. As vagas para o seminário são limitadas, mais informações pelo (33) 3731-1713 ou (33) 99972-1713.

A ideia de difundir a palma no semiárido mineiro surgiu no segundo semestre do ano passado, quando o presidente do sindicato, José Otoni Alves Campos, trocou uma viagem técnica aos Estados Unidos para conhecer a produção de leite naquele país pela participação no 4º Congresso Brasileiro de Palma e Outras Cactáceas, na Bahia.

“Realmente acredito que pode ser uma boa opção. Na década de 1970 nosso rebanho tinha cerca de 90 mil reses, hoje temos menos de 35 mil. A pecuária continua sendo nossa principal fonte de renda, temos que fazer algo para torna-la lucrativa. Eu já plantava palma, mas sem técnica nenhuma. Aprendi que precisa ser tratada como as outras culturas. Ter o manejo certo. Estamos trazendo o engenheiro agrônomo que desenvolveu a técnica do cultivo intensivo ao nosso seminário para nos ensinar a plantar e compramos 300 mil mudas para distribuir aos participantes”, José Otoni Alves Campos, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Araçuaí.

 

Semiárido

Critérios técnicos para classificação de municípios:

1 – Precipitação pluviométrica média anual inferior a 800 milímetros;

2 – Índice de aridez de até 0,5 calculado pelo balanço hídrico que relaciona as precipitações e a evapotranspiração potencial, no período entre 1961 e 1990;

3 – Risco de seca anual maior que 60%, tomando-se por base o período entre 1970 e 1990.

  • São considerados pertencentes ao semiárido os municípios que atendam pelo menos um desses critérios.

 

Em Minas Gerais:

*          85 municípios do norte e Vale do Jequitinhonha

*          Mais 1,2 milhão de habitantes

*          Mais de 40% vive na zona rural

 

Descrição da planta

Cacto suculento, ramificado, de porte arbustivo, com altura entre 1,5 e 3 m, ramos clorofilados achatados, de coloração verde-acinzentada, mais compridos (30 – 60 cm) do que largos (6 – 15 cm), variando de densamente espinhosos até desprovidos de espinhos. As folhas são excepcionalmente pequenas. As flores são amarelas ou laranja brilhantes, vistosas. Os frutos são amarelos-avermelhados, suculentos, com aproximadamente 8 cm de comprimento, com tufos de diminutos espinhos.

 

Origem

*          Nativa das regiões áridas da América Central, principalmente México

 

Histórico no Brasil

*          Foi introduzida no semiárido nordestino para a produção de corante carmim, no final do século XIX.

*          Durante a grande seca de 1932 foi descoberta como alternativa forrageira. Nesse período o governo federal implantou o primeiro programa de incentivo ao uso.

*          Estudos mais aprofundados, visando ao melhor aproveitamento da espécie, só começaram a partir da década de 1950.

*          Outra grande seca, ocorrida entre 1979 e 1983, consolidou o espaço da palma no semiárido nordestino e vários estudos sobre a espécie foram iniciados.

*          A produção atual no Nordeste ultrapassa 500 mil hectares. Está concentrada em Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Norte da Bahia.

*          Duas espécies são cultivadas em larga escala: Opuntia ficus-indica, que possui as cultivares gigante e redonda, e Nopalea cochenilifera, que possui as cultivares miúda e doce. A gigante é a mais comum no semiárido nordestino, devido à sua rusticidade

 

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