Neste 07 de setembro de 2024, Teófilo Otoni comemora 171 anos de emancipação política. Localizada no nordeste de Minas Gerais, no coração do Vale do Mucuri, a cidade carrega uma história rica, marcada por sua vocação comercial, pela tradição joalheira e, mais recentemente, pelo esforço contínuo de se consolidar como um polo regional em uma das regiões mais vulneráveis do estado. No entanto, apesar dos avanços registrados nos últimos anos, os desafios ainda são muitos — e urgentes.
De acordo com os dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE, a população de Teófilo Otoni chegou a pouco mais de 137 mil habitantes, um crescimento tímido de pouco mais de 3 mil pessoas em relação ao Censo anterior, de 2010 – ou seja, num intervalo de 12 anos. Esse dado chama atenção e levanta uma reflexão sobre a atratividade da cidade: por que um município com potencial para liderar o desenvolvimento regional cresce tão pouco em termos populacionais?
Essa estagnação demográfica pode ser explicada, em parte, pela ausência de políticas públicas eficazes em áreas estratégicas. Um exemplo emblemático é o conjunto habitacional do programa Minha Casa, Minha Vida, cujas moradias permanecem em processo de inauguração há mais de uma década. A demora na entrega dessas casas evidencia a dificuldade histórica dos gestores locais em concluir projetos essenciais para a população de baixa renda.
No campo da segurança pública, o ano de 2024 tem sido marcado por uma preocupante escalada nos índices de violência. Moradores veem com preocupação o aumento dos casos de homicídios, o que gera sensação de insegurança e afeta diretamente a qualidade de vida e a confiança da população.
Por outro lado, nem tudo são retrocessos. Teófilo Otoni também vive um momento de efervescência econômica com a chegada de novos empreendimentos. A inauguração do TeoShopping, o fortalecimento do setor de atacarejo e o avanço do polo industrial são sinais de que a cidade busca se reinventar. A presença de instituições de ensino superior, como o IFNMG e a UFVJM — esta última com curso de Medicina — contribui para a formação de mão de obra qualificada e atrai estudantes de toda a região.
Entretanto, o crescimento precisa ser acompanhado de políticas públicas que gerem empregos de qualidade, oportunidades reais e renda digna. O desenvolvimento econômico só é efetivo quando chega à mesa da população, sobretudo em uma região marcada por vulnerabilidades sociais históricas.
Teófilo Otoni tem, sim, motivos para comemorar seus 171 anos — mas precisa, mais do que nunca, de planejamento, vontade política e união entre sociedade civil, poder público e iniciativa privada para trilhar um caminho de desenvolvimento mais justo e sustentável.
Neste aniversário, a cidade reafirma sua importância regional, mas também ouve o clamor de seus moradores: é preciso avançar. O futuro de Teófilo Otoni ainda está em construção — e deve ser feito com responsabilidade, inclusão e visão de longo prazo.
Por Vinícius Rêgo Pessoa
Jornalista – JP 11432/MG
Pós-graduado (Lato Sensu) Gestão de Políticas Sociais (PUC-MG)
