Monteiro Lobato, um dos maiores escritores do Brasil afirmava que “um país se constrói com homens e livros”. Somos uma nação de praticamente 200 milhões de seres humanos, portanto, não nos faltam os “homens”, mas os livros.
É sabido por todos que somos uma nação de pouquíssimos leitores, uma média de livros lidos por habitantes bem abaixo daquilo que seria ou deveria ser um padrão aceitável levando em consideração a comparação com os países desenvolvidos.
Também não é novidade para ninguém que todos os índices nacionais e mundiais que apontam e analisam a qualidade da nossa educação, sempre colocam o Brasil em uma posição vexatória, para não dizer outra coisa.
Recentemente foi divulgada uma pesquisa que dizia que a maioria dos professores não incentivam seus alunos a serem professores. Os motivos são inúmeros passando pela falta de reconhecimento social, condições de trabalho, “leis” que incentivam a indisciplina, a falta de respeito e por fim, um total descaso de praticamente toda a sociedade, que prefere manter-se na obscuridade da ignorância, desprezando o saber e o conhecimento. Fazendo uma menção à Alegoria da Caverna de Platão, nossa sociedade, dá sinais claros de que prefere ficar e manter-se no mais profundo breu das cavernas e disposta a matar quem desejar apresentá-la a luz.
Ser professor virou sinônimo de chacota, de descaso total por parte das políticas públicas, uma profissão medíocre, que não atrai os jovens que gostam de estudar, com raríssimas, mas raríssimas exceções mesmo. Criando assim uma eterna ciranda que nada mais faz do que cultivar a ignorância.
E uma sociedade em que seus membros não gostam de estudar, de ler, de conhecer, sempre verá o professor como o seu maior inimigo. Parece estranho, mas é fato. Generalizando, nossas salas de aulas são assim, os alunos convivendo com o seu maior inimigo: o chato e petulante professor.
Nessa onda do deleite em que vive a denominada sociedade líquida, criaram uma ideologia do prazer, propagando que a escola deve ser prazerosa o tempo todo, que todos as aulas devem ser prazerosas. Com isso nossos jovens não são ensinados a fazer o que é preciso. Sendo que em muitos casos é necessário fazer o que é preciso e não o prazeroso. Claro que uma coisa não elimina a outra, mas estudar também é batalhar, organizar-se, abrir mão de muitas coisas, ter disciplina, concentrar-se, requer zelo, bem como ter coragem para sacrifícios múltiplos.
Um país sem educação de qualidade está fadado a conviver eternamente com terríveis e desumanos problemas sociais. Sabemos disto. O que nos falta então para mudarmos este cenário de horrores sociais? Os livros: o que significa a educação no seu sentido mais amplo. Somente e com eles poderemos sair do marasmo social no qual estamos afundados até o pescoço.
Walber Gonçalves de Souza é professor.